Crítica sobre o filme "Mortdecai - A Arte da Trapaça":

Rubens Ewald Filho
Mortdecai - A Arte da Trapaça Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/03/2015

Muito se tem falado da decadência da carreira de Johnny Depp que tanto repetiu o bizarrismo dos personagens que teria cansado o público. Por isso que sua aparição em Caminhos da Floresta (Into the Woods) como o Lobo foi tão breve, mas o culparam também pelo fracasso desta comédia que não é ruim, ao contrário para quem curte e entende humor britânico, tem seus momentos. Lembra inclusive muito a figura do grande humorista Terry-Thomas (1911-90), que fez filmes como Deu a Louca no Mundo, Dr. Phibes, Os Intrépidos Homens em Seus Calhambeques Maravilhosos, Homens Maravilhosos e Suas Máquinas Voadoras. E como Depp ele tinha os dentes da frente separados, dando-lhe um charme inesperado. E sabem qual foi a solução para salvar a carreira dele? Vão fazer mais um Piratas do Caribe! Estão querendo mesmo se queimar! Ele se casou de novo (com a bela atriz Amber Head) e deve estar ocupado demais para se preocupar com isso.

Enfim, quem gostou de Kingsman tem chance de se divertir com esta antiquada comédia de ação, Depp faz Charlie Mortdecai, um aristocrata inglês aparentemente falido, mas com uma mulher atraente (Gwyneth Paltrow, ainda que em forma, não consegue demonstrar maior empatia ou química com Depp, menos ainda do que ela tem com o Robert Downey Jr). Ele está sempre envolvido em esquemas de roubos e trapaças, e neste caso estão envolvidos também os russos, o M15 espionagem inglesa, um terrorista internacional, um comerciante de arte porque uma obra de arte roubada pode levá-los a um tesouro de arte nazista.

O diretor David Koepp é mais famoso como roteirista (Jurassic Park, Indiana Jones e o Reino de Cristal, Anjos e Demônios, Zathura, Homem Aranha) do que realizador (Perigo por Encomenda com Joseph Gordon Levitt, Ghost Town, A Janela Secreta com Depp). Como o filme não foi mostrado para os críticos nos EUA, quando viram o resultado eles ficaram felizes em destruir o filme. Não concordo é uma farsa picaresca, à moda inglesa, que já teve seu público antigamente. E pode ainda provocar ocasionais risadas, comédia afinal não se discute.