Ainda deve estar em cartaz em alguma parte do Brasil. O fato é que não consegui assistir em sua breve passagem por nossos cinemas esta ficção científica que também não funcionou nos EUA (mas não foi desastre, teria custado US$ 30 milhões e rendeu 61!). Mas foi um amigo que me influenciou elogiando tanto o filme que corri atrás dele.
Dirigido por Rian Johnson (que não lembrava que era mas fez Vigaristas e Brick - A Ponta de um Crime, ou seja, nada memorável), o filme tem roteiro dele mesmo, que conta uma história complicada de viagem no tempo. Em 2074, a viagem no tempo já é possível, mas proibida, os únicos que usam esse recurso são os gângsters, a máfia (mob) que para fazer um serviço mais limpo manda as vítimas de olhos vendados para o passado (mas o presente onde transcorre a história) onde são imediatamente eliminadas por funcionários, os chamados "Loopers" e seu corpo jogado em fornalhas.
Sem vestígios. Até o dia em que descobrem que um dos corpos mandados era de um deles, vindo do futuro. E assim descobrimos uma das sacadas do diretor, ele colocou Joseph Gordon Levitt (um parêntese: ele está em tudo que é filme e não tem versatilidade para isso, já cansou e se repete. Chega dele. Aqui está ainda pior porque fizeram uma maquiagem, lhe colocaram olhos azuis e puxaram a cara para se tornar parecido com seu alter-ego do futuro que é Bruce Willis).
Confesso que o que me abriu os olhos foi um painel de discussões no IMDB, onde os leitores discutiam a cara esquisita de Levitt e principalmente essa história do futuro mandar seu lixo para o passado, como será que fizeram essa negociação e armaram o esquema? Concordei que não fazia muito sentido. Mas Germano Pereira contestou me escrevendo: “Que futuro é esse: é o futuro mais evoluído, esterilizado, politicamente correto. Então, como esconder todo o lixo da escória, eliminar sem sujar as mãos de sangue desta nova sociedade que vive da aparência do polido?
Mandando pro passado pra ser eliminado, e nunca será questionado. Podia ser 50, 70 anos atrás ou qualquer data, menos pro futuro. Pra se esconder as máfias do futuro que não podem ser tão evidentes como hoje.
Eles indicam como seremos, estéreis e envoltos no politicamente correto! Gosto dos 30 anos atrás porque tem a ver com fechar o ciclo, loop. Já que eles são tão politicamente corretos querem esconder a podridão que está ligada com o passado. Ou seja, eles próprios se exterminaram depois de trinta anos, eliminando toda a prova do crime”
Tudo bem, mas a mim não fiquei convencido, em parte por causa dos atores, Bruce com seu biquinho perene, Levitt com sua cara de nada e adorável Emily Blunt, que já foi Rainha Vitória, querendo convencer como uma mulher que cuida de uma fazenda no meio do nada! Impossível engolir. Assim como aquela criança pavorosa que dá gritos como se fosse alucinada e canastrona! E depois como se um amor de mãe fosse suficiente para sanar danos e fazer com que uma pessoa crescesse sã e salva, justa e bondosa! Nem em conto de fadas...
Mas fui longe demais. Pulei a parte em que o herói Joe (Levitt) percebe que ia matar o velho Joe (Willis) e por isso o deixa escapar. Aos poucos então vamos ver o desenrolar desses anos quando Willis passará por diversas aventuras até encontrar o amor em algum lugar do Oriente e depois perdê-la num atentado a ele.
Então sua ideia fixa é mudar o futuro, acabando com o vilão (que não vemos nunca) que foi responsável pela morte. Entendem, sem vilão, não teria suas ações... Será que não teria maneira mais simples de resolver?
Looper é um filme que de certa maneira até puxa pela cabeça, o que certamente seria um diferencial. Mas se há ideias interessantes e o final tenha certo impacto, nem por isso me convenceu.
De qualquer forma fica o registro. Sempre acho que se provoca polêmicas tem suas qualidades.