Crítica sobre o filme "Magic Mike":

Rubens Ewald Filho
Magic Mike Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/11/2012

O diretor Sodebergh vai de mal a pior. Quando estava rodando aquele banal filme de ação, chamado À Toda Prova, ficou conversando com seu co-astro Channing Tatum, que lhe contou sobre o tempo em que era stripper numa boate para mulheres e como ele se divertiu muito (na verdade, Tatum resolveu assumir logo essa mancha no seu passado, como fez Marilyn... em vez de esperar depois um escândalo. E até ganhar com isso). Uma nota curiosa, não que mude alguma coisa, Soderbegh também assina a fotografia e a montagem. Ainda que usando pseudônimos!

Foi assim que nasceu esse projeto infame e tolo, que no entanto escandalizou o público americano e foi bem de bilheteria (custou, segundo as fontes, apenas US$ 7 milhões! Difícil de crer! E já rendeu mais de US$ 113 milhões. Ou seja, o cara é bom de negócio mesmo!).

Assim temos que aguentar então o fato de existir Channing, um rapaz fortão, de 32 anos, que é eficiente dançarino de Street Dance (ele afinal estreou em papel central de Ela Dança, Eu Danço, 06. Aliás, ele está casado ainda com a atriz do filme, Jenna Dewan Tatum). Não é bom ator e não segura cenas muito dramáticas. Mas é simpático e bonitão e sem dúvida apesar dos pesares o mais recente astro de Hollywood.

Quem escreveu o roteiro aqui foi um certo Reid Carolin, que é sócio de Channing na produtora (pela foto é um garotão ainda mais jovem que ele) e que demonstra que não tem a menor noção de roteiro. Não há história. Durante toda primeira hora acompanhamos as aventuras desse rapaz que se diverte transando com mulheres (uma piadinha divertida é quando ele faz a três, com duas garotas e nem ele nem a parceira se lembra do nome da outra!), juntando dinheiro para abrir negócio de móveis, ajudando um rapaz drogado e universitário que ele leva para ser também stripper (feito pelo inglês Alex Pettyfer de A Fera que é certamente o pior e mais antipático dos jovens atores atuais). Este tem uma irmã loira (reparem que ela Olivia Munn tem aquelas bocas feias igual a da Keira Knightley, que parece travada! Mesmo assim Channing passa o filme todo dando em cima dela).

Nenhum personagem, nenhum conflito é desenvolvido. Há discussões sobre dinheiro, brigas entre sócios na boate, mas tudo rápido e superficial. O filme tenta mostrar que a boate é uma grande família onde todos se dão bem e são felizes (os rapazes que fazem o coro são até conhecidos como Mat Bomer, da série White Collar, mas não tem absolutamente nada de importante para fazer. Um total desperdício). Há uma sucessão de números de strip, mas não vemos nenhum completo ou mais explícito. A única cena mais forte é com Matthew e mesmo assim parece que foi causada por acidente, já que a sunga rompeu, mas ele continuou o número até o fim.

Por mais que queiram me convencer que é tudo uma atmosfera familiar não acredito que não haja homossexuais ou drogas, ou problemas maiores correndo por ali. Só na cabeça tonta do Soderbergh mesmo.

Não há dúvida que o filme fez por lá sucesso porque tem uma série de cenas de semi nudez (Channing várias vezes) o que deve ter agradado mulheres e gays (e se conheço americano eles e elas devem ter feito uma farra na sessão, indo em grupos, aplaudindo e vaiando e em momento nenhum levando a sério. Duvido que isso se repita aqui).

Pode ser que eu esteja errado em cobrar realismo e veracidade quando o filme é apenas uma farra para ganhar dinheiro e concretizar a presença de Channing e Matthew como astros e símbolos sexuais. Se é isso que procura, fique à vontade...