Com
Vanessa Redgrave, Sarah Miles, David Hemmings
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111
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SOM & IMAGEM |
FILME |
EXTRAS & MENUS |
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Inglês (DD 1.0) e Português (DD 1.0)
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Inglês, Português, Espanhol, Japonês,
Chinês, Tailandês, Coreano, Bahasa-Indonésio
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Sinopse
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O fotografo profissional Thomas não viu nada
e viu tudo. Ampliações de fotos que
ele tirou secretamente de um casal revelam um assassinato
em progresso. Revelam mesmo? Ganhador dos prêmios
de Melhor filme e Diretor em 1966 pela Nacional Society
of Film Critics, "Depois daquele beijo" de
Michelangelo Antonioni é um estudo influente
e cheio de estilo sobre a paranóia e a desorientação. É também
uma cápsula do tempo para Londres, mostrando
o que era moda na época, como o amor livre,
as festas intermináveis, a música (Herbie
Hancock escreveu a trilha e Yardbirds tocam em um
clube) e os ritmos. David Hemmings interpreta o fotografo
cansado, estimulado pelo mistério de suas
fotografias. Vanessa Redgrave é a mulher evasiva
mostrada nas fotos. Mas cabe a você resolver
o que há de verdade naquilo que você vê,
naquilo que você não vê e aquilo
que só a câmera consegue enxergar.
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Comentários
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Depois daquele beijo (Blow up; 1967), do italiano
Michelangelo Antonioni, é na verdade um filme
que trata sutilmente do próprio cinema. Não
tão ostensivamente quanto Oito e meio (1963),
do igualmente italiano Federico Fellini, pois as
metáforas de Antonioni são mais secretas
e menos exuberantes como espetáculo visual.
Como em Janela indiscreta (1954), do inglês
Alfred Hitchcock, é um fotógrafo com
sua mania de olhar as coisas pela lente de sua máquina
quem vai simbolizar a figura do cineasta, um homem
que parece estar sempre vendo o mundo tendo diante
de seus olhos a câmara de filmar; se o fotógrafo
de Hitch está paralisado numa cadeira de rodas,
o de Antonioni se mexe o tempo todo por cenários
cuja adequada abstração e interioridade
logo se instala; em Hitch e em Antonioni a visão
(num, o binóculo; noutro, a fotografia revelada)
aponta para a existência de um crime; se Hitch,
com sutileza, privilegia a ação da
personagem, Antonioni coloca seus seres naquela libertinagem
formal cheia de desvios de conversa e tempos mortos
que sempre inquietam seu observador e impacientam
a maioria do público.
Aparentemente
Depois daquele beijo é um filme
que trata dum fútil fotógrafo de modas
que um belo dia, fotografando ao acaso num parque,
se detém numa mulher e seu envelhecido acompanhante,
ambos com gestos estranhos um para o outro. Quando
a criatura revela as fotografias e descobre detalhes
que a levam a suspeitar de um crime (uma mão
segura o revólver numa vegetação
rasteira, um corpo estendido na grama –coisas
que ao fotografar o homem não viu), aparentemente
Antonioni está voltando-se para o gênero
policial, cuja forma ele namora desde sua obra inicial,
Crimes d’alma (1950); mas os aspectos policiais
duma trama não se aninham pacificamente no
estilo metafísico de filmar de Antonioni.
Na segunda leitura do filme é que o espectador
desvenda algo que Antonioni nos diz com paixão:
trata-se duma reflexão sobre o cinema como
método de olhar. Observemos os diversos planos
que mostram as fotografias reveladas no estúdio.
Pouco a pouco os detalhes (um revólver, um
corpo –que antes não vimos, e não
vimos não por cegueira mas porque a própria
imagem cinematográfica não continha
estas informações) nos abrem uma história
que não chegará a completar-se inteiramente; é preciso
atentar para os detalhes para ver bem em cinema,
e especialmente ver bem nos filmes de Antonioni.
A exasperação de filmar do cineasta é tão
grave e rigorosa quanto em seus trabalhos da trilogia
da incomunicabilidade (A aventura, 1959; A
noite,
1960; O eclipse, 1961), embora se afigure visualmente
mais aberta e descontraída; e esta exasperação
serve na medida para o processo de revelação
das inquietações de visão da
personagem: como suas fotografias sumiram, teria
existido aquele crime fora do trabalho da máquina?
No fim, quando um grupo de jovens pintados e barulhentos
simula um jogo de tênis (há a quadra,
mas não há bola), se evidencia: a realidade
fora do cinema (ou da fotografia) pode não
existir, tudo é um jogo de faz de conta.
Como
em A aventura e em Identificação
de uma mulher (1982), há uma mulher que surge
brevemente em cena para deflagrar o processo e depois
desaparece. A personagem de Vanessa Redgrave, fotografada
junto com um velho no parque, vai perseguir o fotógrafo
em busca das fotografias, mas logo não a vemos
mais. É uma aguçada presença-ausência
em nossas retinas e nas formulações
do protagonista.
Escreveu
Antonioni em seu livro O fio perigoso das coisas (1983): “Alguns anos atrás eu
me encontrava em Roma por acaso e não sabia
o que fazer. Quando não sei o que fazer começo
a olhar. Existe uma técnica para isso, ou
melhor, existem várias. Eu tenho a minha.
Que consiste em remontar de uma série de imagens
a um estado de coisas. A experiência me ensina
que quando uma intuição é bonita
ela também é certa. Não sei
por quê. Wittgenstein sabia.” Nas seqüências
em que o fotógrafo, examinando o resultado
de seu trabalho (as fotografias tiradas no parque
agora reveladas no estúdio), enxerga o germe
de um assassinato, aprendemos a olhar com Antonioni.
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Extras
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- Comentário do Autor Peter Brunette
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Somente Trilha Sonora
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Trailer Teaser
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Trailer de Cinema
Nenhum
extra está legendado em Português,
apenas em Chinês, Japonês e Coreano (!).
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Críticas
ao DVD
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É imcompreensível, inconcebível
e até ridículo. Não bastasse
a escassez de extras, eles estão com legendas
apenas em algumas línguas orientais. Isso
acaba desapontando aos (muitos) fãs deste ótimo
filme, mesmo que na embalagem exista o aviso. A imagem
está com ótima
qualidade, em wide (pela primeira vez em vídeo
neste formato no Brasil, sem contar uma edição
em Laser Disc, importada, da Criterion), o que é uma
bênção para os cinéfilos
que querem ter esta obra-prima em casa. O áudio,
sem nenhuma remasterização, apenas
eficiente, em mono. Há a desejável
(por uma parte do público) dublagem em português.
E uma opção apenas com áudio
(uma curiosidade: esta é a única vez
que Jimmy Page e Jeff Beck tocaram juntos no Yarbirds
que, aliás, acabaram tocando no filme porque
o The Who não pode participar por questões
judiciais). Ou seja, como é perceptível,
um DVD com altos e baixos.
Claro
que se você quer apenas ter uma boa cópia
deste filme (já estava demorando uma edição)
surpreendente, polêmico (foi o primeiro filme
britânico a exbir uma cena de uma mulher totalmente
nua, de frente, o chamado “full frontal nudity”,
que fez com que a MGM criasse a produtora "Premiere
Productions", para por uma artimanha não
tivesse sua exibição proibida pela
censura da épca) que deve estar em qualquer
videoteca, talvez seja suficiente. Para os mais exigentes,
compre e espere que, quem sabe, um dia, a distribuidora
nos brinde com uma versão especial (dupla,
já hábito da distribuidora) daqui há algum
tempo. Absurdo? Sim, mas essa é a realidade.
Dura para os nossos bolsos.
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Menus
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Resenha
publicada em 08/12/2004 |
Por
Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale
(DVD)
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