DEPOIS DAQULE BEIJO (Blow Up)

 

Com Vanessa Redgrave, Sarah Miles, David Hemmings

 

Diretor

Duração

Produção

Michelangelo Antonioni

111 minutos

1967, Inglaterra

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Suspense, Clássico

Warner

30/09/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 1.0) e Português (DD 1.0)
Inglês, Português, Espanhol, Japonês, Chinês, Tailandês, Coreano, Bahasa-Indonésio

Sinopse

O fotografo profissional Thomas não viu nada e viu tudo. Ampliações de fotos que ele tirou secretamente de um casal revelam um assassinato em progresso. Revelam mesmo? Ganhador dos prêmios de Melhor filme e Diretor em 1966 pela Nacional Society of Film Critics, "Depois daquele beijo" de Michelangelo Antonioni é um estudo influente e cheio de estilo sobre a paranóia e a desorientação. É também uma cápsula do tempo para Londres, mostrando o que era moda na época, como o amor livre, as festas intermináveis, a música (Herbie Hancock escreveu a trilha e Yardbirds tocam em um clube) e os ritmos. David Hemmings interpreta o fotografo cansado, estimulado pelo mistério de suas fotografias. Vanessa Redgrave é a mulher evasiva mostrada nas fotos. Mas cabe a você resolver o que há de verdade naquilo que você vê, naquilo que você não vê e aquilo que só a câmera consegue enxergar.

Comentários

Depois daquele beijo (Blow up; 1967), do italiano Michelangelo Antonioni, é na verdade um filme que trata sutilmente do próprio cinema. Não tão ostensivamente quanto Oito e meio (1963), do igualmente italiano Federico Fellini, pois as metáforas de Antonioni são mais secretas e menos exuberantes como espetáculo visual. Como em Janela indiscreta (1954), do inglês Alfred Hitchcock, é um fotógrafo com sua mania de olhar as coisas pela lente de sua máquina quem vai simbolizar a figura do cineasta, um homem que parece estar sempre vendo o mundo tendo diante de seus olhos a câmara de filmar; se o fotógrafo de Hitch está paralisado numa cadeira de rodas, o de Antonioni se mexe o tempo todo por cenários cuja adequada abstração e interioridade logo se instala; em Hitch e em Antonioni a visão (num, o binóculo; noutro, a fotografia revelada) aponta para a existência de um crime; se Hitch, com sutileza, privilegia a ação da personagem, Antonioni coloca seus seres naquela libertinagem formal cheia de desvios de conversa e tempos mortos que sempre inquietam seu observador e impacientam a maioria do público.

Aparentemente Depois daquele beijo é um filme que trata dum fútil fotógrafo de modas que um belo dia, fotografando ao acaso num parque, se detém numa mulher e seu envelhecido acompanhante, ambos com gestos estranhos um para o outro. Quando a criatura revela as fotografias e descobre detalhes que a levam a suspeitar de um crime (uma mão segura o revólver numa vegetação rasteira, um corpo estendido na grama –coisas que ao fotografar o homem não viu), aparentemente Antonioni está voltando-se para o gênero policial, cuja forma ele namora desde sua obra inicial, Crimes d’alma (1950); mas os aspectos policiais duma trama não se aninham pacificamente no estilo metafísico de filmar de Antonioni. Na segunda leitura do filme é que o espectador desvenda algo que Antonioni nos diz com paixão: trata-se duma reflexão sobre o cinema como método de olhar. Observemos os diversos planos que mostram as fotografias reveladas no estúdio. Pouco a pouco os detalhes (um revólver, um corpo –que antes não vimos, e não vimos não por cegueira mas porque a própria imagem cinematográfica não continha estas informações) nos abrem uma história que não chegará a completar-se inteiramente; é preciso atentar para os detalhes para ver bem em cinema, e especialmente ver bem nos filmes de Antonioni. A exasperação de filmar do cineasta é tão grave e rigorosa quanto em seus trabalhos da trilogia da incomunicabilidade (A aventura, 1959; A noite, 1960; O eclipse, 1961), embora se afigure visualmente mais aberta e descontraída; e esta exasperação serve na medida para o processo de revelação das inquietações de visão da personagem: como suas fotografias sumiram, teria existido aquele crime fora do trabalho da máquina? No fim, quando um grupo de jovens pintados e barulhentos simula um jogo de tênis (há a quadra, mas não há bola), se evidencia: a realidade fora do cinema (ou da fotografia) pode não existir, tudo é um jogo de faz de conta.

Como em A aventura e em Identificação de uma mulher (1982), há uma mulher que surge brevemente em cena para deflagrar o processo e depois desaparece. A personagem de Vanessa Redgrave, fotografada junto com um velho no parque, vai perseguir o fotógrafo em busca das fotografias, mas logo não a vemos mais. É uma aguçada presença-ausência em nossas retinas e nas formulações do protagonista.

Escreveu Antonioni em seu livro O fio perigoso das coisas (1983): “Alguns anos atrás eu me encontrava em Roma por acaso e não sabia o que fazer. Quando não sei o que fazer começo a olhar. Existe uma técnica para isso, ou melhor, existem várias. Eu tenho a minha. Que consiste em remontar de uma série de imagens a um estado de coisas. A experiência me ensina que quando uma intuição é bonita ela também é certa. Não sei por quê. Wittgenstein sabia.” Nas seqüências em que o fotógrafo, examinando o resultado de seu trabalho (as fotografias tiradas no parque agora reveladas no estúdio), enxerga o germe de um assassinato, aprendemos a olhar com Antonioni.

Extras

- Comentário do Autor Peter Brunette

- Somente Trilha Sonora

- Trailer Teaser

- Trailer de Cinema

Nenhum extra está legendado em Português, apenas em Chinês, Japonês e Coreano (!).

Críticas ao DVD

É imcompreensível, inconcebível e até ridículo. Não bastasse a escassez de extras, eles estão com legendas apenas em algumas línguas orientais. Isso acaba desapontando aos (muitos) fãs deste ótimo filme, mesmo que na embalagem exista o aviso. A imagem está com ótima qualidade, em wide (pela primeira vez em vídeo neste formato no Brasil, sem contar uma edição em Laser Disc, importada, da Criterion), o que é uma bênção para os cinéfilos que querem ter esta obra-prima em casa. O áudio, sem nenhuma remasterização, apenas eficiente, em mono. Há a desejável (por uma parte do público) dublagem em português. E uma opção apenas com áudio (uma curiosidade: esta é a única vez que Jimmy Page e Jeff Beck tocaram juntos no Yarbirds que, aliás, acabaram tocando no filme porque o The Who não pode participar por questões judiciais). Ou seja, como é perceptível, um DVD com altos e baixos.

Claro que se você quer apenas ter uma boa cópia deste filme (já estava demorando uma edição) surpreendente, polêmico (foi o primeiro filme britânico a exbir uma cena de uma mulher totalmente nua, de frente, o chamado “full frontal nudity”, que fez com que a MGM criasse a produtora "Premiere Productions", para por uma artimanha não tivesse sua exibição proibida pela censura da épca) que deve estar em qualquer videoteca, talvez seja suficiente. Para os mais exigentes, compre e espere que, quem sabe, um dia, a distribuidora nos brinde com uma versão especial (dupla, já hábito da distribuidora) daqui há algum tempo. Absurdo? Sim, mas essa é a realidade. Dura para os nossos bolsos.

Menus
Resenha publicada em 08/12/2004
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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