NOITES BRANCAS (Le Notti Bianchi)

 

Com Marcello Mastroianni, Maria Schell, Jean Marais, Clara Calamai

 

Diretor

Duração

Produção

Luchino Visconti

107 minutos

1957, Itália/França

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Clássico

Versátil

25/10/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 2.0)
Português

Sinopse

Baseado em conto do grande escritor Fiódor Dostoiévski, Noites Brancas é um dos trabalhos mais belos do mestre Luchino Visconti. O filme é apresentado, pela primeira vez no Brasil, em versão restaurada e remasterizada no formato widescreen anamórfico, que resgata a beleza da fotografia de Giuseppe Rotunno. Em Livorno, numa noite de inverno, o solitário Mario (Marcello Mastroianni) conhece a ingênua Natalia (Maria Schell), que chora à espera de seu grande amor. Nas noites seguintes, Mario apaixona-se por Natalia, sem saber o que o destino reserva para eles. Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza, Noites Brancas é um romance de rara beleza, ambientado numa atmosfera onírica e poética, criada com maestria por Visconti.

Comentários

O italiano Luchino Visconti, um dos maiores cineastas do mundo, não tem parentesco artístico com o romancista russo Fiódor Dostoievski. Enquanto Visconti alarga os dramas íntimos de suas personagens para uma perspectiva histórica, Dostoievski elimina as referências sociais ou as transforma num elemento do abismo interior de suas criaturas; demais, a forma de análise psicológica contida num filme de Visconti difere muito daquela exposta numa página de Dostoievski: não sei mesmo se o genial escritor russo tem algum parente espiritual no cinema, talvez o sueco Ingmar Bergman em Gritos e sussurros (1972), talvez certos resultados atingidos pelo despojamento de Robert Bresson em Uma mulher suave (1969), extraído duma novela de Dostoievski.

Se Visconti está longe de Dostoievski, é curioso ver como ele se comporta ao adaptar para a tela Noites brancas (Notti bianche), filme de 1957 que passou nos cinemas brasileiros com o título de Um rosto na noite. A novela é da fase inicial do ficcionista russo e exercita ainda timidamente os labirintos mentais que ele conduziria ao paroxismo formal e temático em romances como Crime e castigo (1866), Os possessos (1872) e Os irmãos Karamazov (1880). O filme de Visconti não está entre os mais estimados de sua carreira; dele escreveu o crítico brasileiro Paulo Emílio Sales Gomes em artigo de 29 de novembro de 1958: “é um filme admirável que nada acrescenta à obra de seu autor ou à carreira da intérprete que o dominou.”

Assim: Noites brancas, filme e livro, conquanto bons e reveladores de dois inquestionáveis talentos artísticos, não são o que de melhor seus criadores legaram ao mundo. Adaptar obras literárias não é algo inusitado na filmografia de Visconti: o mais belos de seus trabalhos, O leopardo (1963), nasceu duma história de Giuseppe Tomasi de Lampedusa; ele invadiu o universo do alemão Thomas Mann no maravilhoso Morte em Veneza (1971); e até sua morte acalentou o megalômano projeto de filmar Em busca do tempo perdido, o romance-rio do francês Marcel Proust, que teria até roteiro pronto, só faltando quem bancasse a milionária produção.

Noites brancas, porém, está distante de ser uma produção ambiciosa, querendo ser mais uma história de amor, quase abstraindo a perspectiva histórica e social que havia, por exemplo, na obra-prima Sedução da carne (1954). Filmando becos miseráveis e pensões ainda piores, contando com os virtuosismos interpretativos de Marcello Mastroianni, Jean Marais e principalmente Maria Schell como Natália, Visconti demonstra sua notável classe de filmar. Mas de maneira alguma ele adota a selvageria psicológica de Dostoievski; está mais próximo das sutilezas interiores de Stendhal.

As variações de volume da música de Nino Rota e o desmaiado preto-e-branco de Giuseppe Rotuno, fotógrafo habitual de Visconti, ajudam a compor um filme formalmente brilhante mas às vezes gratuito e sem profundidade em seu formalismo. Visconti tomou liberdade para com o livro de Dostoievski, que era narrado na primeira pessoa pelo homem que se apaixonara por Nastienka que por sua vez era apaixonada por outro homem a quem ela esperava há um ano; o filme de Visconti é narrado, com inegável brilho, pelo aparato gestual e facial da atriz Maria Schell. (Eron Fagundes)

Extras

- Entrevistas: oportunos depoimentos jornalista Laura Delli Colli, da produtora Suso Cecchi D’Amico, do crítico de cinema italiano Lino Miccichè, do Diretor de Fotografia Giuseppe Rotunno e do Desenhista de Figurinos Pierto Tosi explicando bem o contexto mundial na época da realização do filme, com interessantes curiosidades de bastidores do filme e sua produção, a escolha dos atores e as suas interpretações, a excelente fotografia e seus efeitos. Realizadas em 2003, com quase 17 minutos.

- Trailer de Cinema (restaurado)

- Prova dos Atores: testes de fotogenia dos atores Marcello Mastroianni, Maria Schell e dos dois juntos. Cada um com cerca de um minuto, sem áudio.

- Uma Palavra de Visconti: texto do Diretos, em duas páginas, sobre seu filme, no mesmo ano de sua produção, 1957.

- Galeria de Fotos e Pôsteres: 4 cartazes do filme (1 italiano, 2 japoneses e 1 argentino), 3 fotos de divulgação do filme e 3 dos bastidores, estas últimas devidamente legendadas.

- Noites Brancas, de Dostoievski: 2 textos distintos: a biografia do escritor, com 7 paginas e um ensaio sobre o conto “Noites Brancas”, com mais 7 páginas.

- Fortuna Crítica: 10 trechos de críticas realizadas quando da primeira exibição do filme.

- Vida e Obra de Visconti: boa biografia do Diretor, com sua filmografia completa, com 12 páginas.

- Biografias: dos atores Marcello Mastroianni, Maria Schell e Jean Marais, todas com filmografias selecionadas.

Críticas ao DVD

Caprichada edição de mais um filme de Visconti, com imagem de ótima qualidade, restaurada e muito bem transferida para o formato DVD, mantendo o formato original de cinema em wide, muito importante sobre tudo por causa da excepcional fotografia do filme. O áudio está muito bom, sem ruídos aparentes. Os extras estão quase perfeitos para este tipo de filme: entrevista é bem esclarecedora, o trailer está com ótima imagem (claro que legendado), um interessantíssimo teste de fotografia com os atores, boas (poucas) fotos e cartazes e ótimos textos, bem complementares ao filme. O pequeno senão é o quase invisível menu inicial, pouco contrastado (há sim uma imagem animada no fundo branco, não é defeito do seu aparelho). Mais uma vez a distribuidora nos brinda com uma edição bem bacana do cinema neo-realista italiano, mais um item obrigatório para os cinéfilos.

Menus
Resenha publicada em 08/12/2004
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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