Com
Marcello Mastroianni, Maria Schell, Jean Marais, Clara
Calamai
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107
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SOM & IMAGEM |
FILME |
EXTRAS & MENUS |
GERAL |
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Vídeo
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Região
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Italiano (DD 2.0)
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Português
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Sinopse
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Baseado em conto do grande escritor Fiódor
Dostoiévski, Noites Brancas é um dos
trabalhos mais belos do mestre Luchino Visconti.
O filme é apresentado, pela primeira vez no
Brasil, em versão restaurada e remasterizada
no formato widescreen anamórfico, que resgata
a beleza da fotografia de Giuseppe Rotunno.
Em Livorno, numa noite de inverno, o solitário
Mario (Marcello Mastroianni) conhece a ingênua
Natalia (Maria Schell), que chora à espera
de seu grande amor. Nas noites seguintes, Mario apaixona-se
por Natalia, sem saber o que o destino reserva para
eles.
Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza,
Noites Brancas é um romance de rara beleza,
ambientado numa atmosfera onírica e poética,
criada com maestria por Visconti.
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Comentários
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O italiano Luchino Visconti, um dos maiores cineastas
do mundo, não tem parentesco artístico
com o romancista russo Fiódor Dostoievski.
Enquanto Visconti alarga os dramas íntimos
de suas personagens para uma perspectiva histórica,
Dostoievski elimina as referências sociais
ou as transforma num elemento do abismo interior
de suas criaturas; demais, a forma de análise
psicológica contida num filme de Visconti
difere muito daquela exposta numa página de
Dostoievski: não sei mesmo se o genial escritor
russo tem algum parente espiritual no cinema, talvez
o sueco Ingmar Bergman em Gritos e sussurros (1972),
talvez certos resultados atingidos pelo despojamento
de Robert Bresson em Uma mulher suave (1969), extraído
duma novela de Dostoievski.
Se
Visconti está longe de Dostoievski, é curioso
ver como ele se comporta ao adaptar para a tela Noites
brancas (Notti bianche), filme de 1957 que passou
nos cinemas brasileiros com o título de Um
rosto na noite. A novela é da fase inicial
do ficcionista russo e exercita ainda timidamente
os labirintos mentais que ele conduziria ao paroxismo
formal e temático em romances como Crime
e castigo (1866), Os possessos (1872) e Os
irmãos
Karamazov (1880). O filme de Visconti não
está entre os mais estimados de sua carreira;
dele escreveu o crítico brasileiro Paulo Emílio
Sales Gomes em artigo de 29 de novembro de 1958: “é um
filme admirável que nada acrescenta à obra
de seu autor ou à carreira da intérprete
que o dominou.”
Assim:
Noites brancas, filme e livro, conquanto bons e reveladores
de dois inquestionáveis talentos
artísticos, não são o que de
melhor seus criadores legaram ao mundo. Adaptar obras
literárias não é algo inusitado
na filmografia de Visconti: o mais belos de seus
trabalhos, O leopardo (1963), nasceu duma história
de Giuseppe Tomasi de Lampedusa; ele invadiu o universo
do alemão Thomas Mann no maravilhoso Morte
em Veneza (1971); e até sua morte acalentou
o megalômano projeto de filmar Em busca
do tempo perdido, o romance-rio do francês Marcel
Proust, que teria até roteiro pronto, só faltando
quem bancasse a milionária produção.
Noites
brancas, porém, está distante
de ser uma produção ambiciosa, querendo
ser mais uma história de amor, quase abstraindo
a perspectiva histórica e social que havia,
por exemplo, na obra-prima Sedução
da carne (1954). Filmando becos miseráveis
e pensões ainda piores, contando com os virtuosismos
interpretativos de Marcello Mastroianni, Jean Marais
e principalmente Maria Schell como Natália,
Visconti demonstra sua notável classe de filmar.
Mas de maneira alguma ele adota a selvageria psicológica
de Dostoievski; está mais próximo das
sutilezas interiores de Stendhal.
As
variações de volume da música
de Nino Rota e o desmaiado preto-e-branco de Giuseppe
Rotuno, fotógrafo habitual de Visconti, ajudam
a compor um filme formalmente brilhante mas às
vezes gratuito e sem profundidade em seu formalismo.
Visconti tomou liberdade para com o livro de Dostoievski,
que era narrado na primeira pessoa pelo homem que
se apaixonara por Nastienka que por sua vez era apaixonada
por outro homem a quem ela esperava há um
ano; o filme de Visconti é narrado, com inegável
brilho, pelo aparato gestual e facial da atriz Maria
Schell.
(Eron Fagundes)
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Extras
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- Entrevistas: oportunos depoimentos jornalista Laura
Delli Colli, da produtora Suso Cecchi D’Amico,
do crítico de cinema italiano Lino Miccichè,
do Diretor de Fotografia Giuseppe Rotunno e do Desenhista
de Figurinos Pierto Tosi explicando bem o contexto
mundial na época da realização
do filme, com interessantes curiosidades de bastidores
do filme e sua produção, a escolha
dos atores e as suas interpretações,
a excelente fotografia e seus efeitos. Realizadas
em 2003, com quase 17 minutos.
-
Trailer de Cinema (restaurado)
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Prova dos Atores: testes de fotogenia dos atores
Marcello Mastroianni, Maria Schell e dos dois juntos.
Cada um com cerca de um minuto, sem áudio.
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Uma Palavra de Visconti: texto do Diretos, em duas
páginas, sobre seu filme, no mesmo ano de
sua produção, 1957.
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Galeria de Fotos e Pôsteres: 4 cartazes do
filme (1 italiano, 2 japoneses e 1 argentino), 3
fotos de divulgação do filme e 3 dos
bastidores, estas últimas devidamente legendadas.
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Noites Brancas, de Dostoievski: 2 textos distintos:
a biografia do escritor, com 7 paginas e um ensaio
sobre o conto “Noites Brancas”, com mais
7 páginas.
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Fortuna Crítica: 10 trechos de críticas
realizadas quando da primeira exibição
do filme.
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Vida e Obra de Visconti: boa biografia do Diretor,
com sua filmografia completa, com 12 páginas.
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Biografias: dos atores Marcello Mastroianni, Maria
Schell e Jean Marais, todas com filmografias selecionadas.
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Críticas
ao DVD
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Caprichada edição de mais um filme
de Visconti, com imagem de ótima qualidade,
restaurada e muito bem transferida para o formato
DVD, mantendo o formato original de cinema em wide,
muito importante sobre tudo por causa da excepcional
fotografia do filme. O áudio está muito
bom, sem ruídos aparentes. Os extras estão
quase perfeitos para este tipo de filme: entrevista é bem
esclarecedora, o trailer está com ótima
imagem (claro que legendado), um interessantíssimo
teste de fotografia com os atores, boas (poucas)
fotos e cartazes e ótimos textos, bem complementares
ao filme. O pequeno senão é o quase
invisível menu inicial, pouco contrastado
(há sim uma imagem animada no fundo branco,
não é defeito do seu aparelho). Mais
uma vez a distribuidora nos brinda com uma edição
bem bacana do cinema neo-realista italiano, mais
um item obrigatório para os cinéfilos.
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Menus
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Resenha
publicada em 08/12/2004 |
Por
Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale
(DVD)
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