O passado jurídico de André Cayatte, antes de ser cineasta ele era advogado, está mais evidente em Somos Todos Assassinos do que em qualquer outro filme dele. Em uma narrativa precisa e envolvente, Cayatte consegue fazer nesse filme um poderoso discurso contra a pena capital e a favor dos direitos humanos. Somos Todos Assassinos faz uma dura crítica ao sistema judiciário e a sociedade francesa como um todo. O filme conta a história de René Le Guen (Marcel Mounloudji), um jovem de pouca educação que é recrutado para lutar na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Ao final do conflito, ele é condecorado e bastante elogiado por sua bravura. Após o fim da guerra Le Guen volta a matar. Mas dessa vez, a justiça não está ao seu lado. Ele é preso, julgado e condenado à morte na guilhotina. Sim, na França do século XX ainda se matavam presos na guilhotina, mas os requintes de crueldade não param por aí. O condenado à morte não sabia quando seria executada a sentença. Enquanto Le Guen agoniza na cadeia, seu advogado tenta conseguir o perdão do presidente – última chance do seu cliente escapar da morte – mostrando que Le Guen é, na verdade, uma vítima da sociedade e que sua execução não trará bem algum.