A Colina Escarlate (Crimson Peak)
Atenção fãs do diretor mexicano Guillermo del Toro, preparem-se para uma decepção
A Colina Escarlate (Crimson Peak)
EUA, 15. Direção de Guillermo del Toro.Roteiro dele e de Matthew Robbins. 119 min. Com Jessica Chastain, Mia Wasikowska, Tom Hiddleston, Charlie Hunnam, Jim Beaver, Burn Gorman, Leslie Hope, Jonathan Hyde, Bruce Gray.
Atenção fãs do diretor mexicano Guillermo del Toro, preparem-se para uma decepção. Este tão esperado filme é na verdade uma decepção, uma antiquada homenagem as histórias góticas a la Jane Eyre (só que com alguns poucos momentos de Gore/Sangreira), aos filmes que ele certamente amava da Hammer britânico (a ponto de dar o sobrenome da mocinha de Cushing, obvia referencia ao astro deles Peter Cushing) e certamente também a Roger Corman e sua série de adaptações de Edgar Allan Poe (inclusive com o uso de iluminação verde e escarlate). O mais triste é que não é sequer terror mesmo com aparições ocasionais de fantasmas (alguém quer me explicar porque a moda é fazer com que os esqueletos fantasmas soltem fumacinha!!!). Há momentos onde o riso não sei se era proposital ou constrangedor e me parecia estar vendo uma imitação barata do clássico Rebecca, a Mulher Inesquecível (ao menos neste a gente não ficava sabendo logo que o herói era culpado ou não!). E finalmente acontece também a tão prevista e esperada queda de Jessica Chastain, que nunca esteve tão errada e sem vigor quanto aqui. Com peruca morena, fica a beira da canastrice!).
A verdade é que praticamente não há sustos ou surpresas, tudo é muito banal e romanceado quando a heroína Edith Cushing (Mia Wasikowska, que já teve todas as chances e continua a ser a mesma de sempre, pálida e sem graça. Entrou no lugar de Emma Stone) começa a relembrar a sua história e sua crença em fantasmas. Nem por isso ela da atenção quando possivelmente sua mãe vem lhe avisar para tomar cuidado com o lugar título! Embora ela esteja sendo cortejada pelo médico oftalmologista Charlie Hunnam – um desperdício total deste ator interessante que o mesmo diretor usou mal em Circulo de Fogo. Ela vai se interessar logo por um britânico com cara de vigarista e que o pai dela percebeu na hora (e novamente temos Tom Hiddleton, já consagrado vilão, num papel que deveria romântico mas que com sua testa alta e cara longa nunca consegue tornar convincente. Benedict Cumberbatch que iria fazer o papel antes talvez se saísse melhor). Enfim, heroína boba se casa com ele e vai para a Inglaterra onde ele tem um castelo quase em ruínas e sonha em tirar argila de uma mina da família. É engraçado que o filme tem uma direção de arte bem cuidada e atraente, já que é no fundo um grande romance para o público feminino (isso deve provocar seu fracasso, já que os que esperam um autêntico terror vão se decepcionar). Ou seja, a produção é cara, de primeira, rodada no Canadá, mas faltou uma história mais original, mais curiosa e certamente mais tensa e envolvente.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.