RESENHA CRTICA: Cegonhas: A Histria que No te Contaram
Estamos diante de um daqueles proverbiais fracassos. Pena, porque funciona perfeitamente como diverso infantil
Cegonhas: A História que Não te Contaram (Storks)
EUA, 16. Direção e criação de Nicholas Stoller e Doug Sweetland. Warner. Animação. Com vozes originais de Andy Samberg. Kelsey Grammer, Jennifer Aniston, Ty Burrell.
Estamos vivendo uma verdadeira inflação de filmes de animação, das mais variadas origens, de forma que alguns deles ficam perdidos, quando por causa do preço dos ingressos e dos refrigerantes/pipoca é preciso economizar. E no gênero a Disney leva sempre a melhor, o que pode derrubar esta novidade da Warner que tem a curiosidade de ter sido concebida e dirigida por uma humorista/roteirista chamada Nicholas Stoller.
Trata-se de um inglês-americano que tem um passado como roteirista e diretora de algumas comédias, primeiro escrevendo filmes como Sim, Senhor (com Jim Carrey), Ressaca de Amor, com Kristen Bell e Jason Segel, que ficava a maior parte do tempo com tudo de fora, Cinco Anos de Noivado com Segel e Emily Blunt, O Pior Trabalho do Mundo (com Jonah Hill). E dirigindo depois com o amigo Segel, duas versões recentes dos Os Muppets (ambas decepcionantes), e os recentes e ainda nada meritórios Vizinhos I e II com Zac Effron e Seth Rogen.
Ou seja, não houve preparação para ela fazer um trabalho ágil e divertido como este Cegonhas, ao menos não me lembro de utilizarem muito em filmes recentes esta antiquada ideia de que eram as cegonhas que vinham trazer as criancinhas. Acompanhando o tempo atual, elas deixaram de fazer isso da forma rudimentar e nada verossímil, para criarem uma grande fábrica de entregas de encomendar muito mais eficiente. Só que logicamente provocando disputa pelo poder e rivalidades dentro da Cornerstore. Então surge a Baby Making Machine, o conflito entre Junior e seu amigo Tulip, o único humano no Stork Mountain.
Sem querer complicar, sucede a disputa com a intromissão de uma jovem incompetente e simpática, num filme tão movimentado e bem feitinho, que a história deixa de ser importante. Não ofende ninguém, tem sua dose de risos e efeitos adequados. Embora tenha custado 70 milhões de dólares e não rendeu mais do que 28 milhões (a renda de fora também foi pouca, até agora apenas 20). Ou seja, estamos diante de um daqueles proverbiais fracassos. Pena, porque funciona perfeitamente como diversão infantil.
PS.: Um detalhe importante, antes do longa tem um curta bônus, com as figuras da Lego, uma disputa bem divertida e rápida para quem curte o gênero.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.