RESENHA CRTICA: Nico, 1988
Quem gosta do tema e do tipo de msica, vai curtir muito este docmentrio
Nico, 1988
Itália, Bélgica, 2018. Direção de Susanna Michiarelli. Com Trine Dyrholm, John Gordon Sinclair, Anna Maria Martinica.
Duvido muito que haja grande público no Brasil para este documentário extremamente europeu, melhor dizendo ainda francês, que relembra uma modelo e cantora de voz pequena e vida curta, que teve morte trágica e já por causa disso se tornou uma figura lendária. Seu nome era Nicol, e nasceu em Cologne, Alemanha em 1938. Logo entrou para a célebre turma de Andy Warhol (lembrado este sim como artista plástico, diretor de filmes ousados e curiosos, de temática gay que marcariam época até hoje). Ela foi também membro do grupo chamado The Velvet Underground, uma banda de rock experimental (com John Cale) desde 1967 e com eles fez vários álbuns de rock. Foi também viciada em heroína e custou a se livrar do vicio.
Mas soube aproveitar a vida apesar do final trágico e absurdo. Em 18 de julho de 1988, quando andava de bicicleta em Ibiza, na Espanha, teve um pequeno enfarte que a fez perder o controle provocando colapso e queda da bicicleta, batendo com a cabeça no chão. Tinha 49 anos de vida. E não foi a toa que sua imagem permaneceu (a voz monótona, a maquiagem excessiva que lhe deram a imagem posterior chamada de “Nico saída do túmulo”). Teve também uma vida movimentada, tendo um filho chamado Christian Paffgen, com o ator Alain Delon com quem teve um caso em 1962. Quem a apelidou de Nico foi o fotógrafo Herbert Tobias, em homenagem ao namorado Nikos Papataks. Além disso, estudou arte dramática no famoso Actor´s Studio de Lee Strasberg em 1960, na mesma turma que Marilyn Monroe. Foi modelo de Coco Chanel. Usava roupas negras e andava de moto. Foi Jim Morrison que a incentivou a fazer as próprias letras das canções tiradas de seus pesadelos. E fazia isso, cercada de velas num banheiro escuro. Dizia ter sido influenciada por Rainer Maria Rilke e Sylvia Plath. Teve longo romance (dez anos) com o diretor de cinema Philippe Garrel. Frase famosa dela: “Eu sou uma nihilista, por isso eu gosto de destruição. Para mim é a forma adequada religião desde que eu comecei a pensar”. Quem gosta do tema e do tipo de música, vai curtir muito o filme.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.