RESENHA CRTICA: O Banquete
basicamente um jantar chique e variado, com os convidados implicando uns com os outros, bebendo muito e levando a roupa suja. Bastante sofisticado e muito carioca.
O Banquete
Brasil, 18. Roteiro e direção de Daniela Thomas. Com Rodrigo Bolzan, Caco Ciocler, Georgette Fadel, Fabiana Gugli, Mariana Lima, Bruna Linzmeyer, Gustavo Machado, Drica Moraes, Chay Su.
Este foi o filme mais polêmico do recente Festival de Gramado, quando a diretora/autora Daniela Thomas resolveu tirar o filme de competição em cima da hora, porque achou que seria uma atitude errada apresentar uma história onde se brincava com um dos personagens, justamente o diretor presidente do grupo Folha e o jornal Folha de São Paulo. Infelizmente ele, Otávio Frias Filho, faleceu de câncer aos 61 anos, e Daniela resolveu cancelar a exibição do filme naquele momento, já que poderia ser mal compreendido (o distribuidor do filme Jean Thomas também concordou com isso e o filme foi adiado para estrear alguns dias depois no Reserva Cultural). Isso ficou mais curioso porque quando fez o filme anterior, Daniela Thomas, que costuma ser uma pessoa muito educada e gentil, além de brilhante artista, teve problemas com a imprensa de Brasília que rejeitou o filme dela Vazante.
Como um dos curadores do Festival confesso que levei em conta sempre a interessante carreira da artista e não percebi num primeiro momento a sátira com o jornalista. Talvez porque a história do filme seja toda fixada numa única casa, digo, mansão, bem carioca (alguns dos atores do filme são marcadamente do Rio de Janeiro). E o filme de certa maneira lembra bastante uma situação semelhante que foi bem de público recentemente no Brasil, no caso, da inglesa A Festa (com Kristin Scott Thomas, 17). Ou seja, é basicamente um jantar chique e variado, com os convidados implicando uns com os outros, bebendo muito e levando a roupa suja. Bastante sofisticado e muito carioca. Poderia ter sido exibido sem problemas caso não tivesse ouvido a trágica coincidência. Na verdade, eu também fui contra sua exibição, em data tão fatal. Certas coisas nem em filme a gente pode se aproveitar.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.