RESENHA CRTICA: Colette (Idem)
Por causa do diretor, os erros se sucedem perdendo a loucura, o talento e paixo de uma notvel escritora
Colette (Idem)
Inglaterra, 2018. 1h51min. Direção de Wash Westmoreland. Roteiro de Richard Glatzer, Wash Westemoreland, Rebecca Lenkiewicz, história de Glatzer. Com Keira Knightley, Dominic West, Eleanor Tomlinson, Fiona Shaw, Denise Gough, Aiyshha Hart, Rebecca Root, Al Weaver. Produção de Stephen Wooley (Carol, Traidos pelo Desejo) e mais 14. Música de Tomas Adès.
Estava entusiasmado em assistir esta biografia de uma das mais interessantes escritoras da França, Colette (1873-1954), famosa por sua criação Gigi (aquela personagem com quem ela já velha chamou Audrey Hepburn para o palco e Leslie Caron, no musical). Em uma vida incrível, ela teve três casamentos e uma vida homossexual com varias mulheres interessantes. Dentre romances/filmes que foram criados por ela, temos A Ingênua Libertina, 50, Chèri, 50, Brotinho e as Respeitosas,59, a série autobiográfica Claudine (que é uma das tramas principais deste filme), mais Amor de Outono (Le Blé en Herbe, 23). Também fizeram outra biografia Becoming Colette, 91, de Danny Huston (91) com Mathilda May, Klaus Maria Brandauer (que infelizmente não pude ver).
A questão aqui é simples, todo o filme é falado e interpretado por ingleses e por mais boa vontade que tenham parece falso em tudo, até na trilha musical banal e em todo o elenco desconexo que parece fora de eixo, isso inclui a normalmente notável Fiona Shaw, que faz sua mãe sem qualquer garra, e o protagonista maior que é um homem apaixonado por ela mas isso não impede que seja um vigarista, chamado aqui de Willy, o suficiente para roubar seus textos e personagens principais. O ator é Dominic West, composto e envelhecido. Talvez a melhor coisa do filme seja a direção de arte e as coadjuvantes, embora mesmo assim parece que houve pudor de ter medo em ir mais adiante no romance lésbico e na caracterização da heroína. A escolhida foi Keira Knightley, muito bem maquiada e vestida, mas sem luz, sem garra, sem a paixão que seria fundamental tanto como mulher quanto escritora rebelde. E como sempre com sua desajustada dentição.
A impressão maior é que a culpa é basicamente desse diretor britânico chamado Wash que tem trabalhado nos EUA e teve boa repercussão com Para sempre Alice (Still Alice) para Julianne Moore (sobre Alzheimer), fora disso é ainda pior com a comédia mexicana Meus 15 Anos e o inédito aqui The Last Robin Hood (que contava o fim da vida de Errol Flynn, mas igualmente sem paixão). Tem também um monte de vídeos e curtas. Mas insisto que por causa do diretor que os erros se sucedem perdendo a loucura, o talento e paixão de uma notável escritora. Se puderem leiam os livros.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.