It - Capitulo 2

O filme de Andy Muschietti renovou o interesse pelas obras de King

02/09/2019 18:31 Por Adilson de Carvalho Santos
It - Capitulo 2

tamanho da fonte | Diminuir Aumentar

 

A cada 27 anos o mal personificado na figura de um palhaço aterroriza as pessoas se alimentando do medo e das vidas dos cidadãos da fictícia cidade de Derry. Sete crianças o combateram e o derrotaram, mas ele está de volta para seu ciclo de morte e terror. Nós, no entanto, não precisamos esperar 27 anos, pois o diretor Andy Muschietti volta a adaptar o calhamaço de mais de 1000 páginas do escritor de best sellers norte americano Stephen King, dois anos depois do lançamento de “It – Coisa” que lucrou mais de US$300 milhões só de bilheteria doméstica no ano de seu lançamento, um triunfo principalmente levando-se em conta que muitas das obras de King foram mal aproveitadas diversas vezes seja na TV ou no cinema.

O fato é que o filme de Andy Muschietti renovou o interesse pelas obras de King, e embora “A Torre Negra” tenha tido mal resultado no mesmo ano, tivemos esse ano a bem sucedida refilmagem de “Cemitério Maldito” que novamente mostrou o potencial desse contador de histórias, que é hoje o escritor vivo mais adaptado para as dimensões midiáticas, o que inclui a série “Castle Rock” da plataforma de streaming Hulu, já com a segunda temporada garantida.

A adaptação de “It – A Coisa” não é das mais fáceis, não tanto por seu número avantajado de páginas, mas pelas várias ramificações da história, com idas e vindas constantes entre passado e presente na vida dos membros do “Clube dos Perdedores”, uma espécie de Goonies do Kingverso, inspiração para os jovens heróis da popular “Stranger Things”, que bebe da fonte Kingniana. Maschietti se concentrou nos protagonistas mirins e deslocou a história dos anos 50 para 1989; já começando com a aterrorizante sequência da morte de Georgie na saída do esgoto. O roteiro capta a habilidade do autor de mostrar a inocência roubada pela dor e pelas adversidades unindo a determinação dos membros do clube dos perdedores, e até trouxe Finn Wolfhard, de “Stranger Things” com um dos papeis de destaque. Dividindo os eventos da história, e se concentrando em parte dela, o roteiro de Gary Dauberman, Cary Fukunaga e Chase Palmer conseguiu resultado superior à primeira adaptação do livro em 1990, feita para a Tv e que marcou pela atuação de Tim Curry como o palhaço Pennywise. O novo intérprete do palhaço assassino, Bill Skarsgard de 27 anos na época das filmagens, conseguiu impressionar; e sob a orientação do diretor, se isolou nos bastidores como forma de causar genuíno pavor das crianças a cada aparição. O público respondeu bem e enriqueceu os cofres da Warner, levando os intérpretes do clube dos perdedores a sugerirem os nomes dos atores que interpretariam suas contrapartes adultas. Destas indicações somente duas se concretizaram: Jessica Chastain (XMen Fênix Negra / Interestelar) foi a primeira contratada para o papel de Beverly adulta, seguida de Bill Hader (Saturday Night Live / Barry) para o papel de Richie Tozier.

No papel central de Bill Denbrough, foi escalado o excelente James McAvoy, que já viveu o idealista Professor Xavier na franquia “Xmen” e o assustador assassino de “Fragmentado”. Foi o próprio ator inclusive quem sugeriu a sequência na sala de espelhos que não existe no livro. A história ainda lida com sexualidade, abuso infantil e homofobia, sendo esta uma sequência angustiante que foi cortada na produção de TV, mas garantida por Muschietti em sua versão, chegando a quase 3 horas de duração mostrando ora os sete protagonistas adultos ora suas versões do passado. O final do filme é mais intimista em comparação ao livro, mas essas mudanças acentuam ainda mais o clima aterrorizante e os desdobramentos dramáticos a medida que a história segue. Foi preciso a computação gráfica para disfarçar o envelhecimento natural das crianças nos dois anos de hiato entre a primeira parte e a segunda, já que o carisma destas foi essencial para o sucesso da adaptação, além de serem essenciais para a confrontação com o Pennywise.

Enquanto o diretor Andy Muschietti anuncia que após a conclusão do capítulo 2 de It – A Coisa assumirá o filme do super herói “Flash”, o criador de Pennywise terá nova adaptação de uma obra ainda esse ano com a chegada de “Doutor Sono”, a continuação de “O Iluminado”, fora os vários projetos em uma lista de espera que nem de perto lembra os fracassos que o autor já teve no passado, até mesmo o fiasco de “Comboio do Terror” (1987), único filme dirigido pelo próprio, que naufragou com público e crítica. Talvez seja esse um dos maiores valores de Stephen King, o de se recriar, de inventar novas histórias com uma inesgotável fonte de criatividade, e que não precisa esperar a cada 27 anos para impressionar, assustar e surpreender.

Linha
tamanho da fonte | Diminuir Aumentar
Linha

Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

Linha
Todas as máterias

Efetue seu login

O DVDMagazine mantém você conectado aos seus amigos e atualizado sobre tudo o que acontece com eles. Compartilhe, comente e convide seus amigos!

E-mail
Senha
Esqueceu sua senha?

Não é cadastrado?

Bem vindo ao DVDMagazine. Ao se cadastrar você pode compartilhar suas preferências, comentar ou convidar seus amigos para te "assistir". Cadastre-se já!

Nome Completo
Sexo
Data de Nascimento
E-mail
Senha
Confirme sua Senha
Aceito os Termos de Cadastro