RESENHA CRTICA: Violette

Boa biografia de Violette Leduc (1907-72), relativamente conhecida como escritora

26/08/2014 12:31 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Violette

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Violette (Idem)

França, 13. 132 min. Direção de Martin Provost. Com Emmanuelle Devos, Sandrine Kiberlain, Olivier Gourmet, Catherine Hiegel, Jacques Bonnafé, Olivier Py, Nathalie Richard, Stanley Weber.

 

Sou um grande consumidor de biografias e compreendo a dificuldade de publicar a história dos outros, a não ser que se tenha a licença e consentimento da família do biografado (na França é pior ainda do que no Brasil, não se pode sequer publicar um namoro ou a doença que matou alguém sobre pena de ser processado por violência da intimidade alheia). O diretor Martin Provost, pouco conhecido aqui, passou por uma situação dessas, quando fez sucesso com a biografia de uma pintora no filme Séraphine, 08, que teve êxito de bilheteria e uma interpretação notável de Yolande Moreau (o filme não chegou a sair aqui comercialmente). De qualquer forma ele foi processado pelo autor de uma biografia dela, perdeu o caso e teve que pagar uma fortuna. Sua credibilidade também sofreu e no filme seguinte Où va la Nuit (2011), com a mesma Moreau, foi um fracasso.

Ele tenta de novo com a biografia de Violette Leduc (1907-72), relativamente conhecida como escritora graças a ajuda que teve de sua amiga (talvez algo mais), a escritora célebre Simone de Beauvoir (fala-se de Jean Genet, Louis Jouvet, o editor Gallimard mas não se Jean Paul Sartre, que nos interessaria mais de perto, dado a sua longa e complicada relação com Simone!).

Por mais que me seduzisse ver o filme tenho que convir que ele tem alguns defeitos claros: é longo demais, acadêmico e sem criatividade, dá pouca informação sobre a protagonista e mesmo a atriz central  sendo boa e conservada (Emmanuelle Devos já esta entrando nos cinquenta) ela não envelhece nem um minuto no transcorrer da  narrativa. Tudo acentua muito o fato de que Violette, nasceu em Arras, Pas de Calais, filha ilegítima de uma empregada e a vida toda seria tratada como uma bastarda (esse seria também o titulo de seu mais famoso livro editado em 64). A mãe era megera, ela foi professora, teve ligações lésbicas (não se mostra nada disso) mas sobreviveu em empregos menores. Em 1942, encontrou Maurice Sachs e Simone de Beauvoir (feito com austeridade e frieza por Sandrine Kinberlain) e Albert Camus publicaria Na Prisão da Pele (L´Asphyxie). Mais tarde publicaria com escândalo Thèrese and Isabelle, 66, que tinha momentos de sexo explicito entre mulheres e Le Taxi (incesto). Nada disso também está no filme. Violette morreria aos 65 anos de câncer no seio. Curiosamente diante de tantas omissões o roteiro foi co-escrito pelo autor de dois livros sobre Violette. Mesmo assim o filme ficou devendo um retrato mais completo e aprofundado.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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