Samba (Idem)
Parece cheio de boas intenções mas não chega nem perto do filme anterior dos Diretores
Samba (Idem)
França, 14. 118 min. Direção de Olivier Nakache e Eric Toledano. Com Omar Sy, Charlotte Gainsbourg, Tahar Rahim, Izia Higelin, Isaka Sawadogo, Hélène Vincent, Christianne Millet. Baseado em Samba for France, de Delphine Coulant, adptado pelos diretores com a colaboração de Muriel Coulin.
Em 2011 essa mesma dupla fez imenso sucesso no mundo todo com Intocáveis, inclusive no Brasil (onde agora uma versão teatral tem semelhante êxito), ganhando o Globo de Ouro de filme estrangeiro mas nem sendo indicado para o Oscar de filme estrangeiro (muita gente achou que foi injustiça). Para seu filme seguinte resolveram mudar de tom e fazer uma drama sobre emigração para a Europa, um tema que não podia ser mais atual, mas que nem por isso é mais comercial, ao contrário, normalmente é rejeitado pelo público, que com tantos problemas prefere não enfrentar o assunto. Conservaram apenas o ator central, Omar Sy (nascido na França, de pai do Senegal, mãe da Mauritânia, a esta altura ele já está em Hollywood tendo uma participação marcante em X Men Dias de um Futuro Esquecido, Jurassic World). Com um metro e noventa, ele tem uma figura majestosa e carismática, que faz justamente um emigrante do Senegal que há mais de dez anos veio de sua terra e ainda não conseguiu os papéis para ficar na França. O nome pouco tem a ver com a música brasileira, embora o filme comece com um plano sequência de um numero musical cuja melodia seria um samba ainda que sem a nossa batucada. Serve de introdução ao protagonista que trabalha como lavador de pratos num restaurante. Depois, num diálogo com o amigo, este lhe conta que em vez de dizer que era árabe passava por brasileiro, porque nos teríamos melhor imagem e mais fama de bonito e sensual.
O filme é basicamente a história desse emigrante, sempre fugindo, sempre com medo e da mulher que se aproxima dele, Charlotte Gainsbourg (Ninfomaníaca), que está saindo de uma crise emocional e tentando reconstruir sua vida, largando o trabalho de executiva. Através de uma organização chamada Cimade, ajuda então Samba a conseguir emprego e papeis. Até naturalmente nascer o amor. Há alguns momentos de humor mas o tom é dramático ainda que se esforce para ser romântico, até com outro casal paralelo. Não achei que se classifique como comédia romântica. Nem suspense, nem uma emoção assim tão palpável. Parece cheio de boas intenções mas não chega nem perto do anterior.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.