Gemma Bovery - A Vida Imita a Arte (Gemma Bovery)
Um curioso exercicio, com belas paisagens, romance e paes muito atraentes
Gemma Bovery - A Vida imita a Arte (Gemma Bovery)
França, 2014. 99 min. Direção de Anne Fontaine. Com Fabrice Luchini, Gemma Arterton, Jason Flemying, Elsa Zylberstein, Isabelle Candelier, Niels Schneider, Mel Raido, Edith Scob, Pascalle Arbillot.
Os franceses sempre gostaram de fazer adaptações de clássicos da literatura, com frequência atualizam a ação ou criando paralelos com a atualidade. A diretora Anne Fontaine (Coco Antes de Chanel, Amor sem Pecado, O Preço da Traição, Nathalie X) demonstra outra vez sua competência. É verdade que o filme poderia ter mais tensão, maior suspense e a trama poderia ter sido desenvolvida com maior desenvoltura. Mas que gosta de literatura e por tabela certamente admira a obra-prima Madame Bovary, vai se interessar por esta história situada numa cidadezinha rural da Normandia, em torno de Rouen, Auberville, Doudeville.
É curiosa a ideia de utilizar a atriz inglesa Gemma Atterton que estrelou o filme O Retorno de Tamara (10), de Stephen Frears, que era uma homenagem ao escritor Thomas Hardy (inspirado em livro dele, rodado na região onde situou suas obras, e com personagem que faz obra sobre ele). Ou seja, menção em cima de menção. Essa moça chamada justamente Gemma Bovery se muda para o interior junto com o namorado inglês (Flemyng) restaurador de antiguidades, onde é recebida pelo confeiteiro/ padeiro Martin Joubert (o excelente Fabrice Luchini) infelizmente num papel passivo demais, pouco mais faz do que ficar observando a ação. Ele persegue a semelhança entre Gemma e Madame Bovary, que enfastiada com a vida de aldeia, arranja amantes, é desprezada por eles e eventualmente se suicida (não se preocupam porque o final aqui é muito mais original!).
Os amantes surgem (inclusive um muito jovem, o loirinho Niels Schneider), a historia é mais curiosa que outra coisa, talvez por Gemma a atriz não tenha a força para segurar um filme sozinha. Mas não há dúvida que é um curioso exercício, com belas paisagens, romance e pães muito atraentes.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.