O Último Cinema Drive-in

Bem premiado no Festival de Gramado, acho este um dos melhores filmes brasileiros deste ano

20/08/2015 23:03 Por Rubens Ewald Filho
O Último Cinema Drive-in

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O Último Cinema Drive-in

Brasil, 14. Direção de Iberê Carvalho. Com Othon Bastos, Rita Assemany, Breno Nina, Chico Sant’anna, Fernanda Rocha, André Deca, Rosanna Viegas, Vinícius Ferreira, Mounir Maasri e Zécarlos Machado.

Recém premiado no Festival de Gramado com o Prêmio da Crítica de Melhor Longa Metragem Nacional, Melhor Ator para Breno Nina, Melhor atriz Coadjuvante para Fernanda Rocha e Melhor Direção de Arte para Maíra Carvalho. Também premiado como Melhor atriz coadjuvante para Fernanda Rocha no Rio International Film Festival. Melhor filme Júri Oficial Festival de Punta del Leste. Melhor ator, Melhor Filme, Júri Jovem, todos em Punta del Leste. Melhor filme Voto do Público no Cine Las Americas International Film Festival.

Esta realização vinda de Brasília, conta uma historia real, o Cine Drive-in de Brasília foi construído em 1973 pelo filho do ex-presidente João Figueiredo. Depois de inaugurado, procurou-se alguém para gerenciá-lo, foi então que o pai de Marta Fagundes, atual proprietária, decidiu trabalhar no local. Marta ajudou seu pai desde o princípio. Na década de 80, houve uma brusca queda de público e as dívidas se acumularam tanto, que Marta e seu pai tiveram que fechar as portas em 1988. Mas Marta juntou suas economias, entrou numa licitação para assumir o negócio e venceu. O movimento caiu consideravelmente, mas ao contrário dos outros 33 drive-ins do Brasil, o brasiliense resistiu à era do 3D e das salas multiplex.

Quem realizou o filme é um jovem estreante em longa, Iberê Carvalho, que nasceu em Brasília em 1976. Estudou antropologia, jornalismo e fez pós-graduação em direção cinematográfica em Madri, Espanha. Atuando no cinema desde 2000, dirigiu os curta metragens Suicídio Cidadão, Para Pedir Perdão e Procura-se, além do documentário Maria Lenk - A Essência do Espírito Olímpico. Como diretor, recebeu diversas premiações, incluindo o prêmio Coral de melhor curta metragem no 31º Festival Internacional de Cinema de Havana, em Cuba; o prêmio Cartoon Network de melhor filme no Festival Prix Jeunesse Iberoamericano e o prêmio de melhor filme 16mm no 36º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Apesar da origem o filme conta uma história original de reencontro entre um pai e um filho, tendo como pano de fundo o fim do último cinema drive-in do Brasil. O jovem operário Marlombrando (Breno Nina) precisa levar sua mãe (Rita Assemany) para fazer um exame médico em Brasília. O que seria uma breve viagem se torna uma longa batalha no terceiro maior hospital público do país. Sem ter a quem recorrer, Marlombrando precisará reencontrar seu pai, Almeida (Othon Bastos), ausente há muitos anos. Dono do Cine Drive-in de Brasília, Almeida, insiste em manter vivo um tipo de cinema que já não atrai mais espectadores como na década de 70. Com a ameaça de demolição do cinema e o agravamento da doença de Fátima, pai e filho precisam resolver questões do passado para realizar um irresponsável plano de reencontro entre Fátima e o último Cine Drive-in.

Qualquer filme que tenha Othon Bastos já consegue a garantia dele elevar o padrão do elenco, simplesmente por sua presença carismática e personalidade cativante. Isso certamente ajudou o parceiro estreante em longa Breno Nina, que segura muito bem seu personagem. O filme talvez perca um tempo excessivo no drama da mãe enquanto o espectador espera mais que ele fosse um Cinema Paradiso brasileiro. Mas não me incomodou e continuo a achar este um dos melhores filmes brasileiros deste ano.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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