La Sapienza (Idem)
Um dos piores filmes que já tive a infelicidade de assistir
La Sapienza (Idem)
Itália, 14. 101 min. Direção de Eugène Green. Fabrizio Rongione, Christelle Prot-Landman, Ludovico Succio, Arianna Nastro, Hervé Compagne, Sabine Ponte, Michele Franco, Jon Firman, Eugène Green.
Que saudades de Peter Greenway e suas suntuosas pesquisas eruditas sobre arquitetura e arte, sempre realizadas com requintes narrativas e um excepcional domínio da Imagem. Infelizmente ele já não é tão frequente e deixa espaço para blefes como este tal de Eugène Green, que parece ainda existir nos anos 1950, trabalhando com atores péssimos que não tem ideia do que representar, dizendo textos ridículos e discursando sobre a utilidade da arquitetura atual de forma tão posada e ridícula, que dá a impressão de estarmos diante daqueles filmes amadores feitos no interior do Brasil, por gente ingênua que não tem noções técnicas e colocam seus atores (horrendos) falando diretamente para a câmera, sempre centrados, falando sem a menor naturalidade como se fossem fantasmas perdidos numa peça sem noção.
Como sempre acontece com um filme que mostra as belezas da Suíça e da Itália e se fixa na obra de Francesco Borromini, a câmera de vez em quando passeia por detalhes de grande beleza. Mas é impossível não achar risível a situação de um arquiteto famoso e premiado, Alexandre, que aos 50 anos, tem um projeto premiado que é rejeitado por uma comissão que exige que ele seja simplificado. Ela entra em crise e embora esteja em crise também no casamento, eles partem para a Itália onde em Sresa, a margem do Lago Major, encontram um jovem estudante de arquitetura Goffredo e sua irmã Lavínia que sofre de misteriosa doença...
Não espere, porém qualquer romance ou adultério ou mesmo qualquer ação mais envolvente. É um palavrório sem fim, solene, superficial e sem nenhuma Sabedoria. Por demais literário, pretensioso, falsamente erudito, falado lentamente e sempre exasperante. Sem dúvida, um dos piores filmes que já tive a infelicidade de assistir.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.