Grace de Mnaco (Grace of Monaco)

O roteiro um conto de fadas mentiroso e tolo, escondendo basicamente todos os fatos sobre Grace Kelly

29/10/2015 10:58 Por Rubens Ewald Filho
Grace de Mônaco (Grace of Monaco)

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Grace de Mônaco (Grace of Monaco)

França, EUA, 14. 103 min. Direção de Olivier Dahan. Roteiro de Arash Amel. Com Nicole Kidman, Tim Roth, Paz Vega (como Maria Callas), Parker Posey, Milo Ventimiglia, Robert Lindsay (como Onassis), Derek Jacobi, Jeanne Balibar.

Não sei onde estavam com a cabeça o diretor Dahan (que tinha se saído tão bem com a biografia de Piaf, um Hino ao Amor, 07) e seus numerosos produtores, quando resolveram fazer esta biografia da estrela de cinema, vencedora do Oscar e uma das mulheres mais belas de seu tempo, Grace Kelly ( 1929-1982), que obviamente estava fadada ao fracasso diante da oposição evidente que teria e teve do Principado de Mônaco. O medo de um processo era tão grande que o roteiro é um conto de fadas mentiroso e tolo, escondendo basicamente todos os fatos e ainda mais mentiroso do que as próprias revistas de cinema da época.

Afinal ninguém sabe mais do passado (ou seja, quem foi Grace?). O que também explica o fracasso de bilheteria do filme e a péssima repercussão que ele teve quando ele foi convidado ano passado para ser o filme de abertura do Festival de Cannes (um lugar que é vizinho de Mônaco, ou Monte Carlo como também é chamado!). De tal forma que foi cancelada uma estreia nas salas de cinema (por isso chega aqui tão atrasado) e nos EUA estreou diretamente na televisão (onde idiotamente foi indicado a melhor telefilme do ano!).

Grace, que foi a estrela preferida de Hitchcock (com quem fez 3 filmes, entre eles o super clássicos Janela Indiscreta e Ladrão de Casaca), era de uma família americana rica e famosa por ter romance com seus coastros, em geral homens mais velhos (praticamente todos com que filmou, como Ray Milland, William Holden, Clark Gable. Sinatra e Cary Grant ficaram apenas amigos íntimos). Em visita a Cannes, foi levada por um jornalista para conhecer o Principado de Cannes, onde encontrou o Principe Rainier, que estava ansioso para salvar seu pequeno país das mãos da França e procurava uma consorte famosa. Grace ingenuamente caiu na conversa e o casamento deles virou conto de fadas no mundo todo (embora a família dela tivesse que pagar um dote de 2 milhões de dólares, muito na época). Logicamente a realidade era mais dura. Tiveram três filhos, mas o príncipe também era infiel, o que a levou a também ter romances secretos (que o filme não aborda) e se tornou especialmente infeliz quando os habitantes do lugar ficaram contra o retorno dela ao cinema (seria em Marnie, de Hitchcock). Dali em diante, assumiu sua infelicidade e morreu num acidente de carro nas perigosas estradas perto de Mônaco (aliás o mesmo lugar onde ela filmou Ladrão de Casaca). Parece quem dirigia o carro era a filha e na verdade Grace teve um derrame. Mas com gente rica e importante nunca se sabe o que é verdade? O fato é que ela cumpriu seu papel direitinho embora o sonho tenha virado pesadelo.

O que o filme mostra é mais ou menos isso, mas de forma adulterada e superficial. Até a maior parte das locações foram feitas na Bélgica e Genova. A única qualidade que eu achei foi Nicole Kidman, que usa um tipo de maquiagem muito semelhante a de Grace (ou seja, há um esforço em reproduzir a beleza da estrela). Tudo falso, não muito melhor do que outro telefilme de 83, Grace Kelly com Cheryl Ladd e Christina Applegate. Nem para rir e debochar serve.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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