RESENHA CRTICA: Anomalisa (Idem)

A animao, o uso de luzes e reflexos parece ser extremamente novo e diverso de tudo que voc j viu

29/01/2016 12:31 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Anomalisa (Idem)

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Anomalisa (Idem)

 EUA, 15. Direção de Charlie Kaufman e Duke Johnson. Roteiro de Charlie Kaufman baseado em peça de sua autoria. 90 min Animação. Vozes originais de Jennifer Jason Leigh (que faz Lisa), David Thewlis (Stone) e Tom Noonan (que dubla todos os outros personagens).

Está lista dos finalistas para o Oscar de melhor animação este filme inteiramente original e ousado, outro trabalho fora do comum e exponencial de um dos escritores mais admirados do cinema norte-americano atual. Charlie Kaufman se perdeu um pouco na sua estreia como diretor quando fez o estranho e fracassado Sinédoque, Nova York (2008) e por isso mesmo não fez nada mais até esta sua experiência com animação com Bonecos (Puppets) e por causa disso ele teve que contar com a parceria de Duke Johnson, jovem (nascido em 79, fez curtas e séries para a TV como Mary Shelley Frankenhole).

Charlie ganhou um Oscar pelo super Cult até hoje O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (04) e foi indicado também por Adaptação (02) e Quero ser John Malkovich (99). Escreveu ainda Confissões de uma Mente Perigosa, dirigida por George Clooney, Natureza Quase Humana, para Michel Gondry (o único deles que deixa a desejar). Ainda assim acho que nada prepara o espectador para este filme inquietante e existencial sobre um homem de meia idade, Charles Stone, que chega a Cincinatti para fazer uma palestra já que é famoso por livros de auto ajuda que escreveu (na verdade, ele trabalha com teorias de como servir os seus clientes!). O filme começa com uma bela imagem de um avião passando por nuvens claras que depois será revelado é o ponto de vista do herói (um detalhe estranho é que todos os personagens fora os 2 protagonistas são dublados por uma voz masculina, o que nos deixa a principio bem confusos. Mas a pista gay que é lançada não é para ser levada adiante, nem mesmo com o colega de cadeira que segura sua mão!).

O filme é mais sobre a angústia de viver, de procurar algo mais substancial quando já se passou na meia idade. Assim, na cidade que visita ele vai comprar brinquedo para o filho mais novo numa Toy Store (loja de brinquedos que na verdade é de objetos de sexo!). E procura reencontrar uma mulher que há muitos anos amou e perdeu (o reencontro é amargo e constrangedor). Ainda assim, numa crise, bate nas portas do corredor do hotel e por acaso encontra duas admiradores e uma delas, Lisa (Jennifer Jason Leigh, a mesma de Oito Odiados) insegura e não muito atraente aceita passar a noite com ele. Sim, se não perceberam até agora, não é filme para crianças, até porque há nudez frontal do herói, no banheiro e depois numa cena de amor. Mais bizarro ainda é que todas as pessoas tem no seu rosto colado uma máscara quase teatral, que usaria justamente um boneco para falar. A do herói descola e cai, deixando-o ainda mais desesperado.

Por outro lado também a animação, o uso de luzes e reflexos parece ser extremamente novo e diverso de tudo que você já viu. E não se surpreenda se tiver que assistir o filme de novo para desvendar certos detalhes. O que não será um castigo, mas um exercício desafiante para apreciar este projeto, diferente de tudo e com jeito de clássico instantâneo.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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