RESENHA CRTICA: Pitanga
Raramente o cinema - no apenas o nosso mas de qualquer parte do mundo - foi capaz de fazer um filme to emocionante, to alegre
Pitanga
Brasil, 16. 90 min. Direção de Beto Brandt, Camila Pitanga. Com Antonio Pitanga, Lazaro Ramos, Camila Pitanga, Ruth De Souza, Ney Latorraca, Tamara Taxman, Caca Diegues, Zezé Motta, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Chico Buarque, Lea Garcia, Zé Celso Martinez, Rocco Pitanga, Selma Egrei, Othon Bastos, Elisa Lucinda, Silvio Guindane, Neville D´Almeida, Itala Nandi, Gésio Amadeu, Sergio Ricardo.
Raramente o cinema - não apenas o nosso mas de qualquer parte do mundo - foi capaz de fazer um filme tão emocionante, tão alegre, tão cinematográfico quanto este louvor merecido a um dos tesouros do cinema brasileiro. Não há quem conheça e não ame esta força da natureza que é Antonio Pitanga, um baiano descoberto por Glauber, consagrado numa série de filmes por Carlos Diegues e exposto agora neste caloroso, bem humorado e auspicioso documentário feito com muita aptidão e talento pelo já consagrado Beto Brandt. Com o devido apoio da filha de Pitanga, Camila (que continua linda, assina como codiretora), mas tem uma presença discreta diante das câmeras.
Raramente eu me emocionei tanto quanto neste filme por uma razão simples, conheço e gosto de Pitanga desde o começo dos anos setenta e fiquei admirando Pitanga pelas mãos de Ney Latorraca. Assistir o que Pitanga faz no começo do filme na areia de Barravento com a incrível Luiza Maranhão e depois pulando nas ruas do Rio de Janeiro na grande cidade, já com seu padrinho Cacá, estrelando todos os filmes importantes do cinema baiano, inclusive O Pagador de Promessas, o vencedor da Palma de Ouro de Cannes. A verdade é que Pitanga, além de se confirmar como um ser humano maravilhoso, incrível pai de família, adorado por seus amigos, tem aqui a oportunidade de falar com franqueza e honestidade o que é ser negro no Brasil. Não tão ruim quanto nos EUA, mas não muito longe também. Uma luta que ele ganhou sempre com um sorriso, uma franqueza, uma veracidade que hoje se espraiam por 110 créditos – mas acho que se esqueceram de alguns!
Grande ideia fazer o filme e a homenagem, nunca tão merecida. Melhor ainda que resultou numa bela obra de cinema para um campeão de nosso cinema.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.