RESENHA CRTICA: Rodin (Idem)

Aa maior parte dos espectadores vai se aborrecer com a narrativa artificial, sem ritmo, aborrecida

21/09/2017 10:00 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Rodin (Idem)

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Rodin (Idem)

França, 17. Direção e roteiro de Doillon.Com Vincent Lindon, Izia Higelin, Séverine Caneele, Bernard Verley, Arthur Nauzyciel, Anders Lie.

Não há dúvida que quase todo mundo admira o escultor Francês François-Auguste-René Rodin (1840-1917), mais conhecido como Auguste Rodin, considerado o pai da escultura moderna. É provável se você já visitou a França, foi conhecer seu espetacular museu onde estão copias ou originais de seus maiores trabalhos. Também houve uma biografia memorável que foi Camille Claudel (88), onde Rodin foi interpretado por Gérard Depardieu, que era superado por uma interpretação genial de Isabelle Adjani!

Diante disso somos mais exigentes desta nova biografia do filme chamado apenas Rodin (agora interpretado pelo veterano Vincent Lindon, que foi premiado como melhor ator no Festival de Cannes com La Loi Du Marché, 15, O Valor de um Homem que lhe deu também o César, ele já tinha 5 outras indicações ao Cesar). E o filme foi realizado por um veterano Jacques Doillon, ex-marido de Jane Birkin e pai da atriz Lola Doillon. Assim situado é bom lembrar que ele é um diretor de poucas palavras, seco, direto, pouco sentimental (alguém se lembra do seu melhor trabalho Ponette, 96).

Esse estilo frio da direção atrapalha bastante o resultado. Estão lá os pontos altos de sua obra e as obras mais famosas (alguma nudez também) mas como já disseram os críticos franceses, o filme é emocionalmente morto. Começa em 1880 quando o artista chega ao sucesso, ao criar polêmica criando a escultura do escultor Balzac. Muito polêmica. Tem sua esposa Rose uma camponesa que é tratada como empregada e o conflito com Camille. Tudo muito fotogênico, mas para a maior parte dos espectadores vai se aborrecer com a narrativa artificial, sem ritmo, aborrecida.

 

REVISÃO EM DEZEMBRO DE 2018

Curioso drama biográfico francês, coprodução entre Bélgica e Estados Unidos, que recorta uma parte da vida de Auguste Rodin (1840-1917), pai da escultura moderna, com destaque para o relacionamento de altos e baixos que teve por 12 anos com sua musa inspiradora, Camille Claudel (1864-1943). A história parte do ano de 1880, quando o governo parisiense encomendou pela primeira vez uma obra de arte para Rodin, a escultura “A porta do inferno”, inspirada na “Divina Comédia”, de Dante Alighieri. Rodin demorou 37 anos para construí-la (terminando meses antes de morrer), uma escultura monumental, composta por 180 obras menores em bronze que formavam um portal - nela se encontravam as famosas “O pensador” e “O beijo” e foi instalada no Cour de Comptes, no Museu de Artes Decorativas de Paris, que havia sofrido incêndio. Durante o desenvolvimento das peças, aparece no ateliê/oficina do artista uma jovem interessada por arte chamada Camille Claudel, de apenas 16 anos, que começou a ajudá-lo (Rodin tinha 40 anos, 24 a mais que ela). Camille rapidamente tornou-se a modelo oficial do escultor, também sua confidente e amante, fazendo-o mudar radicalmente seu jeito de criar. Nunca moraram juntos, pois Rodin era casado - ele destratava a esposa, batia nela e a considerava sua empregada. O relacionamento durou 12 anos, e em 1892 terminaram quando Camille abortou, porém mantiveram contato até o fim da vida de Rodin. O filme, indicado à Palma de Ouro em Cannes em 2017, retrata todas essas passagens reais, umas com mais outras com menos intensidade, sob as lentes do diretor francês Jacques Doillon, de “Ponette – À espera de um anjo” (1996), que também escreveu o roteiro – ele já venceu prêmios especiais nos principais festivais europeus, como Cannes, Berlim e Veneza. Seu estilo é marcante, mas rejeitado por parte do público: câmera aberta e distante filmando grandes ambientes, que se movimenta de lá para cá, certa aridez e frieza nos roteiros para realçar a falta de emoção dos personagens, fotografia acinzentada, com pouco destaque para cores. Gosto quando Doillon focaliza o olhar concentrado de Rodin para o trabalho com os materiais no ateliê, em especial a argila (o artista revolucionou o campo plástico ao utilizar um dos materiais menos nobres), assim como capta discretamente as trocas de olhares com Camille, uma garota bem sedutora. Outras passagens intensas é quando Rodin faz dois bustos que marcaram sua carreira, a de Victor Hugo e a de Balzac, que virou polêmica na época.

É um bom filme cult europeu, para quem gosta de arte, com um trabalho inesperado do francês Vincent Lindon, um dos mais proeminentes do país.

Outro filme adequadíssimo sobre o relacionamento entre eles é “Camille Claudel” (1988), de Bruno Nuytten, indicado ao Oscar de fita estrangeira e que rendeu a Isabelle Adjani sua segunda indicação na Academia, no papel da escultura – e quem interpreta Rodin é Gérard Depardieu.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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