Dolittle

A timida bilheteria do novo Dolittle dificultara a formacao de uma franquia voltada para a familia

24/02/2020 13:43 Por Adilson de Carvalho Santos
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São Francisco de Assis é o santo padroeiro dos animais, mas na literatura e no cinema o Dr.Dolittle é a pessoa certa a chamar para os amigos de quatro patas, penas, pelos e rabo. O personagem ressurge em nova abordagem depois de desenhos, musicais, filmes e diversas adaptações a partir da literatura.

Esse é o primeiro papel de Robert Downey Jr desde 2014 fora do universo Marvel que consumiu todo o tempo do ator que marcou uma geração como o rosto de Tony Stark, o Homem de Ferro dos quadrinhos de super herói. O filme de Stephen Gaghan (roteirista dos premiados “Traffic” – 2000 e “Syriana” – 2005) aproveita a imagem de Downey Jr para infundir em Dolittle uma persona irônica não muito diferente dos trejeitos de Tony Stark e Sherlock Holmes. Seu Dolittle começa como um homem recluso, surgido nas telas depois de um prólogo em desenho animado, mais logo sai a imagem de suposta amargura em favor do que todos parecem querer ver, que é Robert Downey Jr sendo Robert Downey Jr. Apesar de ser um ator extremamente versátil, parece difícil se despir dessa imagem mesmo tendo em mãos um personagem de natureza lúdica como o veterinário que fala com os animais, recrutado para buscar uma fruta mágica capaz de salvar a jovem rainha, em plena era Vitoriana. Os produtores investiram no segundo livro (The Voyages of Dr.Dolittle) de uma popular série literária infantil e chamaram um elenco estelar para dar vida aos animais falantes como Emma Thompson, Rami Malek, John Cena, Selena Gomez, Tom Holland, Marion Coitllard, Octavia Spencer, além de uma participação especial de Antonio Banderas como um pirata. O orçamento da Universal Pictures foi milionário, atingindo US$ 175 milhões, o que não impediu o famigerado Rotten Tomatoes de massacrar o filme com meros 14% de aprovação.

Essa é a primeira vez que o personagem chega às telas fora das mãos da 20th Century Fox, estúdio que realizou as versões anteriores para o cinema. A primeira vez foi em 1967 o bem- sucedido “O Fabuloso Dr. Dolittle” (Doctor Dolittle), dirigido por Richard Fleischer, trazendo Rex Harrison (1908 – 1990) no papel do simpático veterinário que tem o dom mágico de falar com os animais. Apesar de ter sido premiado com dois Oscars, o filme foi um fracasso artístico e comercial, teve um set de filmagem bem tenso graças ao temperamento difícil de seu astro, que por conta disso era chamado de “Tyranossaurus Rex”. Por conta disso, o ator britânico deixou o cinema e passou a se dedicar apenas aos palcos. A publicidade massiva na época anunciava Dolittle como um grande musical, no estilo “A Noviça Rebelde” com um custo elevadíssimo, juntos a outras produções igualmente desastrosas para o estúdio. Este só se recuperou quando decidiram relançar “A Noviça Rebelde” em 1973 nos cinemas. O roteiro de Leslie Bricusse trouxe às telas o personagem criado pelo britânico Hugh Lofting em 1920, iniciando uma série de livros infantis, no total de 12, sendo que os dois últimos foram publicações póstumas.

Passaram 31 anos para que o personagem voltasse ao cinema quando Eddie Murphy tornou-se o segundo ator a interpretar o papel em “Dr.Dolittle” (1998). Melhor nas bilheterias que o filme de Fleischer, o filme aproveitou a habilidade mágica do bom doutor mas deixou de lado toda a riqueza dos livros de Lofting. Ainda houve “Dr.Dolittle 2” (2001) até que Murphy abandonou o papel que seguiu em três filmes lançados diretamente em home-video, mas protagonizados por Kyla Pratt, a filha do dedicado veterinário que descobre ter o mesmo dom.

A tímida bilheteria do novo Dolittle dificultará a formação de uma franquia voltada para a família, mas a sequência do meio dos créditos parece apontar as pretensões dos produtores que precisão repensar caso queiram ainda aproveitar as aventuras de um personagem que decididamente não precisa ser reinventado para se ajustar à imagem de um ator tão marcado por seus filmes pregressos, mas algo mais leve que fale mais à criança interior de cada um, não necessariamente a figura de um super herói.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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