Cinema em Casa: Os Aeronautas

Nesses tempos dificeis em que precisamos nos isolar para nos proteger do Coronavirus, o cinema em casa parece uma boa solucao para encontrar alguma diversao em um ambiente seguro

19/03/2020 14:05 Por Adilson de Carvalho Santos
Cinema em Casa: Os Aeronautas

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Nesses tempos difíceis em que precisamos nos isolar para nos proteger do Coronavírus, o cinema em casa parece uma boa solução para encontrar alguma diversão em um ambiente seguro, com nossos familiares. Filmes na Tv, nos serviços de streaming ou em dvd / blu ray oferecem uma opção para um escapismo inocente tão importante quanto os musicais da era de ouro em tempos de guerra. Mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis, pessoas de coragem chegam para mudar o horizonte diante de nós. Decidi, então, falar de um filme que pudesse trazer esse sentido de coragem, elemento essencial nessa crise mundial que atravessamos. Lançado no final de 2019, pelo Amazon Studios, “Os Aeronautas”, disponível pelo Amazon Prime Video, pode ser uma boa pedida para nosso cinema em casa.

Adaptado do livro “Falling Upwards: How We Took to the Air” de Richard Holmes, o filme mostra a conquista dos céus por um casal de balonistas em plena Inglaterra Vitoriana. James Glaisher (Eddie Redmayne) acredita que é possível prever o tempo mas, desacreditado em suas teorias climáticas, só encontra apoio na inquieta Amelia Wren (Felicity Jones), que desafia as convenções de sua época para acompanhar Glaisher a uma altura impressionante, à mercê dos perigos oferecidos pela atmosfera rarefeita, pela temperatura e as intempéries. Amélia é um personagem anacrônico, à frente de sua época na qual mulheres não embarcavam em balões nem eram levadas à sério pela comunidade científica. Ainda assim, é sua presença em cena que impulsiona a narrativa e conduz o determinismo de Glaisher em chegar acima da atmosfera para realizar seu experimento. Se por um lado é ele a mente científica, é Amelia seu motor propulsor e também sua salvadora quando a morte parece eminente.

A personagem de Felicity Jones não existiu na vida real, mas foi fortemente inspirada na figura de Sophie Blanchard (1778-1819), a primeira mulher a ter se tornado uma balonista profissional, e que chegou a ser condecorada por Napoleão Bonaparte. Esta, porém, nunca conheceu James Glaisher, que entre 1862 e 1866 fez vários avanços que desenvolveram a meteorologia, subindo em um balão com seu co-piloto Henry Tracy Coxwell, omitido no filme, tendo ambos quebrado o recorde mundial de altitude em 5 de setembro de 1862.

O nome de Amelia certamente evoca a aviadora Amelia Earhart que foi a primeira mulher a cruzar a Atlântico na década de 30, e que desapareceu misteriosamente. Os caminhos dela e de Glaisher se cruzam guiados pela ambição em cruzar uma nova fronteira e marcar seus nomes na história, o que fazem em tempo real já que uma vez a bordo do balão, os personagens passam mil perigos como tempestades, raios e outros até sua volta segura à Terra sem imaginar como seriam testados até o limite de sua resistência. Os efeitos especiais são perfeitamente integrados ao roteiro de Jacob Thorne (Extraordinário) conseguindo, mesmo que na tela da Tv, nos fazer sentir medo, tensão, ansiedade e a medida da coragem e do pioneirismo ainda que fato e ficção estejam minuciosamente costurados para promover entretenimento. Se por um lado, a sequência em que Amelia sobe no topo do balão sozinha a centenas de pés de altitude bebe do heroísmo cinematográfico; a cena em que o cão, no começo do filme, é atirado de paraquedas do alto de um balão fez parte de experiências realizadas por Jean-Pierre Blanchard (1753-1809), marido de Sophie, no final do século XVIII. As cenas que reproduzem o horizonte londrino são belíssimas, triunfo da fotografia de George Steel (Black Mirror, The Son) que consegue imprimir na tela a beleza do firmamento e o perigo das forças naturais, uma impressionante dicotomia de cores e formas que envolve o espectador. A química entre os atores é perceptível, repetindo o que ambos fizeram em cena em “A Teoria de Tudo” (The Theory of Everything) de 2014.

O filme dirigido por Tom Harper é interessante, aventura envolvente que eleva o casal Amelia-Glaisher ao patamar de heróis literários como Phileas Fogg (A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Jules Verne) ou pioneiros da história como Benjamim Franklin ou o nosso Santos Dumont conseguindo equilibrar bem momentos de ação e emoção. Talvez o grande achado de assistir “Os Aeronautas” seja brindar o espírito humano seja testado pelos limites da natureza ou no cenário atual de pandemia, reafirmando que tudo podemos superar, movidos pelo esforço e a vontade de superar adversidades.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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