Scooby! O Filme
A nova animacao que chega agora via VOD (Video on demand) reinicia os jovens detetives em uma movimentada aventura
Cresci querendo ser também um daqueles “garotos intrometidos”, como reclamavam os vilões depois de capturados ao final de cada episódio, achava a Daphne uma gracinha e curtia muito ver o Salsicha e o Scooby numa parceria de iguais: covardes, engraçados, comilões e, mesmo assim, triunfando quando precisavam encarar o perigo, mesmo quando por acaso. Então imagine ver - geração após geração - embarcar nessa fantasia iniciada há quase 51 anos quando a TV americana trouxe uma das animações mais famosas do mundo, e hoje uivamos juntos dizendo “Scooooooby dooooooby dooooooo”.
A nova animação que chega agora via VOD (Video on demand) reinicia os jovens detetives em uma movimentada aventura mostrando como se conheceram e como foi formado o forte laço de amizade que os une, além de uma irresistível paixão por mistérios. “Scooby! O Filme” seria lançado nos cinemas no primeiro trimestre deste ano, mas a pandemia adiou o lançamento e depois de massacrado com 48% de aprovação, pelo famigerado “Rotten Tomatoes”, a Warner decidiu lançá-lo em streaming. Embora não consiga alcançar a exata dimensão da animação original, o novo filme tem seus bons momentos, principalmente no prólogo e no desfecho com nítida atmosfera nostálgica. A Warner tenta estabelecer um universo compartilhado com a turma da Máquina Mistério interagindo com outros personagens dos Estúdios Hanna Barbera como Falcão Azul, Bionicão e Capitão Caverna, mas acaba-se perdendo um pouco o foco da turma de detetives amadores investigando mistérios. Mesmo o clima de “sobrenatural fake” fica diluído quando o grande vilão se revela (Sem Spoilers !!!!) e o grupo fica dividido, de um lado Fred, Welma e Daphne e de outro Salsicha e Scooby. O diretor Tony Cervone procura mesclar o melhor das 19 séries de animação na TV com elementos do mundo moderno, a começar pelo visual 100% feito com CGI, brigando pelo espaço com as bem-sucedidas produções da Pixar e Lego. A favor existe o tradicionalismo dos personagens Warner que nos acompanham há décadas. A equipe de animadores admitiu em entrevistas a dificuldade de tratar um personagem 2D com o requinte da tecnologia moderna, quando um ângulo mal-empregado pode descaracterizar um protagonista conhecido por avôs, pais e filhos desde 13 de setembro de 1969, quando chegou a primeira série do personagem na CBS, e ainda torná-lo atraente para a geração atual.
Claro que várias referências à cultura pop não faltam como Daphne de cosplay da Mulher Maravilha ou a parafernália computadorizada usada pelo Falcão Azul, na verdade o filho do herói original em busca de popularidade. A abertura do desenho original é recriada no final do prólogo com direito à regravação da música tema. Entre os dubladores temos Zac Efron como Fred, Amanda Seyfried como Daphne, Mark Wahlberg como Falcão Azul, Jason Isaacs como Dick Vigarista e o veterano Frank Welker que fazia a voz de Fred nas animações originais e agora dubla o Scooby. Claro, que a dublagem brasileira é um destaque à parte e a dupla Mario Monjardim (85 anos) e Orlando Drummond (100 anos) escolheu bem seus substitutos nos papéis icônicos de Salsicha e Scooby. Guilherme Briggs faz Scooby e Fernando Mendonça o Salsicha. A dinastia Drummond não poderia ficar de fora e a voz de Fred, quando criança, ficou com Alexandre Drummond, o neto de Orlando, enquanto Felipe Drummond, outro neto, dubla sua versão adulta. E ainda tem o Eduardo Drummond fazendo o Scooby quando filhote. Digno de figurar no livro Guiness de Records com uma carreira de 60 anos na dublagem, 41 fazendo o Scooby, Orlando Drummond é motivo de orgulho para todos.
Os personagens já tiveram dois live actions no cinema, em 2002 e 2004 e dois na televisão, em 2009 e 2010, além do spin-off “Daphne & Velma”, centrado nas duas personagens e lançado diretamente para o mercado de home-vídeo. Com tantas adaptações não é de se estranhar os planos do estúdio para outras séries e filmes. Nada mal para o que começou com uma série infantil cujo nome do protagonista saiu da voz de Frank Sinatra cantando “Strangers in the Night” e balbuciando “scooby-dooby-doo” e agradando o produtor de Tv Fred Silverman que procurava um nome bacana para o personagem criado por Ken Spears, Iwao Takamoto e Joe Ruby para um projeto inicialmente batizado de “Who’s sssssscared?” De la prá cá, a história mostrou como é divertido falar com um cão Dinamarquês que adora biscoitos e caçar zumbis e monstros, desmascarados graças ao talento desses garotos intrometidos, sendo eu – ao menos na minha imaginação, um deles. Assista “Scooby – o Filme !” nas plataformas de streaming já disponível para aluguel ou compra.
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Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com