RESENHA CRTICA: Godzilla
RESENHA CRTICA: Godzilla. Rubens Ewald filho odiou o filme, pra ele o pior do ano at agora!
Godzilla (Idem)
EUA, 14. Direção de Gareth Edwards. 123 min. Com Aaron Taylor Johnson, Elizabeth Olsen, Dave Callaham, Ken Watanabe, Bryan Cranston, Sally Hawkins, Juliette Binoche, David Strathaim.
Faz tempo que não via um filme tão ruim, tão escuro, tão errado e equivocado quanto este novo Godzilla que faz a versão anterior de Matthew Broderick e Jean Reno parecer um grande divertimento. Foi produzido pela Legendary, a firma que fez 300, Circulo de Fogo, Homem de Aço, a série Se Beber não Case, Jack Caçador de Gigantes, Fúria de Titãs II, Sucker Punch, ou seja, já cometeu muitos crimes em sua existência. Mas nenhum tão chocante quanto este realizado por um novato de tudo britânico Gareth Edwards (que tinha feito antes um certo Monsters, 2010, que nunca vi - era ficção científica sobre fim do mundo) que parece não ter noção de coisa alguma. Não adianta chamar Juliette Binoche para matá-la depois de alguns minutos em cena, nem usar o ator do momento Bryan Cranston (um milagre até ele parece perdido e não chega sequer a convencer mas não chega a estar tão ruim quanto o protagonista (em termos) do filme que é Aaron Taylor Johnson (Kick Ass, Anna Karenina) que parece ausente ou dopado, completamente fora do ar. Personagens aparecem e desaparecem sem deixar sua marca ou terem ao menos um diálogo mais sensato e que não seja explicando alguma coisa.
Realmente para transformar Godzilla, célebre monstro japonês em coadjuvante em seu próprio filme precisa ser muito desligado. Ele aparece praticamente no meio do filme e desta vez resolveram levar ele a sério, mal se vê seu rosto, os seus olhos, ou seja, não tem expressão. Chegou a me parecer aqueles transformers de Noé, todo pedregoso. Pois é, a história é uma confusão danada, querendo ir beber nas experiências atômicas americanas, que teriam despertados outros monstros que não sei por que diabo são inimigos de Godzilla, que passa a enfrentá-los(são um casal de um bicho esquisito radioativo que parece usar bengala e não tem cara!). Tenho que confessar que nunca fui fã deste dinossauro japonês da Toho que teve 28 diferentes produções (!), mas me divertiu ocasionalmente o fato de ser um homem de borracha que destruía maquetes de cidades, puro precursor do Trash e daqueles seriados tipo Jaspion e que tais. Eram ingênuos e tão mal feitos que por isso divertiam. Talvez seja justamente o maior erro da nova versão. É respeitosa com um monstro feio e inexpressivo demais.
Mas aqui custo a encontrar palavras para descrever a abominação, começando pela falta de humor. Caindo depois na direção de arte, o design. Uma das razões porque curti tanto Capitão America 2 foi pelo fato de realizarem os efeitos especiais a plena luz do dia, quando a regra é sempre ter um fundo escuro e sombrio porque facilita muito o resultado. Mas se aquele filme já chegou a esse ponto, este resulta feio, grotesco, disparatado (lembra um pouco o que Guilheme del Toro fez com Circulo de Fogo). Custa a começar, as cenas de ação são fracas e confusas, o galã é um incompetente em todos os sentidos. Nem a destruição em massa impressiona. Sabe quando da vontade de se beliscar para ver é verdade? Não foi alucinação minha!! Realmente até agora o pior filme do ano.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.