RESENHA: Praia do Futuro

Filme nacional voltado para o público de arte, Rubens Ewald Filho acha que não terá um grande público

14/05/2014 11:19 Da Redação
RESENHA: Praia do Futuro

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Praia do Futuro

Brasil, 14. Direção de Karim Ainouz. 106 min. Roteiro de Karim e Felipe Bragança. Com Wagner Moura, Clemens Schick, Jesuita Barbosa, Savio Igor Ramos, Sophie Charlotte Conrad, Thomas Aquino.´

Nem todo mundo sabe que a Praia do Futuro fica no Ceará e existe mesmo, fica relativamente perto de Fortaleza e foi criada artificialmente (como o aterro do Rio) para ser um bairro elegante da cidade, com uma praia mais bonita (as melhores da região ficam muito distantes), embora hoje em dia tenham sido prejudicadas pela presença de favelas próximas e pela violência. E também pelo mar bravio, o que explica a necessária presença de salva vidas (ou guarda vidas como costumam dizer no Nordeste). Disso tudo partiu a inspiração para o diretor cearense Karim (famoso por Madame Satã, nunca vi o outro longa dele muito elogiado, O Abismo Prateado) realizar este filme misturando também sua experiência na Alemanha (tem vivido em Berlim há  algum tempo).

Foi uma decisão corajosa como ator e campeão de bilheteria do astro Wagner Moura aceitar este papel que foge aos anteriores. Vai causar alguma polêmica, mas também ajudar na luta contra a homofobia, já que há algumas cenas fortes (nada explícito, porém sugestivas e como se sabe, as pessoas escondem mas são muito preconceituosas. Até  os brasileiros). Ele faz o salva vidas Donato que trabalha ali na praia e logo no começo do filme tenta salvar um banhista estrangeiro que esta morrendo afogado. Apesar de lutar muito, a vítima está em pânico e dificulta o resgate, acaba morrendo. Donato fica desolado assim como o companheiro dele, um alemão que fala português chamado Konrad (Schick, que esteve em filmes famosos como Círculo de Fogo, Cassino Royale, Largo Winch II, num total de 51 créditos).

Pior ainda quando o corpo não aparece. Mas os dois iniciam uma relação sexual. O filme então dá um salto e os dois já estão na Alemanha, onde Donato luta conta o frio e uma sociedade diferente (não se aborda, porém questão de papéis ou emigração!). Experimentam viver juntos, mas há altos e baixos. O filme prossegue tão frio quanto a paisagem enquanto o diretor prefere perseguir personagens, evitar muitos diálogos ou explicações e estende seu gosto pelos planos fechados . Chega mesmo a ficar um pouco distanciado demais.

Felizmente há um terceiro capitulo que começa sem explicações falando de um fantasma que fala alemão mostrando um rapaz bem jovem que perambula pela cidade em busca do não se sabe o que. Mas há uma finalidade nisso e o curioso é que o próprio filme fica mais bonito, com imagens mais estéticas enquanto se caminha para uma solução interessante e humana (ainda que prolongada).  Sem duvida é um filme para público de arte, mas ainda assim me pareceu o mais acessível e bem resolvido do diretor. Mas que não terá recordes de público.

 

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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