RESENHA CRTICA: Amaznia

No fique com a impresso que vai assistir um documentrio dramatizado e tedioso qualquer

24/06/2014 11:16 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Amazônia

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Amazônia

Brasil/França, 2014. Direção de Thierry Ragobert. Coprodução entre a produtora brasileira Gullane com a francesa Biloba, 2013. Documentário em 3D. 89 min (versão original).

 

Depois de ter sido apresentado no Festival de Veneza e Toronto, de ter aberto o Festival do Rio de Janeiro no ano passado, os produtores perceberam antes tarde do que nunca que o projeto era furado, não interessava crianças, nem adultos. Embora o diretor Francês Thierry tivesse feito antes um documentário decente chamado Planeta Branco, sobre o Ártico em 2006! Mas ficou claro que não era um documento ecológico especialmente válido e tinha chances comerciais nulas no Brasil, ainda mais depois da decepção que foi a animação Rio 2 (mesmo feita por um brasileiro). Resolveram então tomar uma decisão corajosa e adaptaram o filme para o mercado nacional e o publico infantil. E com  gente boa e qualificada. Com roteiro de Luiz Bolognesi e diálogos escritos por José Roberto Torero, Amazônia passou a ter diálogos com as vozes de Lúcio Mauro Filho, como o macaco prego protagonista Castanha, e de Isabelle Drummond, a Emilia do Sítio do Picapau Amarelo, como sua namorada, Gaia. A consultoria artística leva a assinatura do fotografo especializado e talentoso Araquém Alcântara.

Tenho que confessar que assisti apenas a primeira versão e fiquei extremamente decepcionado, com os clichês e banalidades, a falta de informação e a falta de percepção do que é a impressionante Amazônia que a gente conhece. Nem era especialmente bonito. O documentarista dos anos 50 e 60, o Francês Jean Mazon fazia melhor.  Mas não fui assistir ainda a nova versão. Admiro a atitude e coragem dos produtores que poderiam muito bem se conformar com um projeto errado e pronto. Mas estão tentando salvá-lo, o que é custoso e difícil (o orçamento antes era de 26 milhões de reais).  E tem pouca chance de funcionar.  Enfim, cheguei a encontrar algumas criticas europeias favoráveis, já que eles gostam sempre de coisas tropicais e “exotiques”. Falou-se também que era a maior produção do cinema brasileiro, que levou 6 meses de filmagem (imagem o calor e condições de rodar na selva). De qualquer forma, peço licença para citar o site Cultura Revista, assinado por Marco Veira, que diz o seguinte:  história é a seguinte: o avião onde Castanha seria transportado para um circo, depois de sair dos cuidados de uma menina, cai na floresta amazônica. O macaco-prego se vê na necessidade de se adaptar às condições da floresta, e entrar em contato com a sua própria natureza. Na sua “odisseia” ele enfrentará dúvidas, perigos e hostilidade.

As referências de Castanha como macaco que veio da cidade são bastante divertidas. Ele se refere ao Homem-Aranha, a filmes 3D e ao Pérola Negra, nome de um navio importante da saga Piratas do Caribe (2003). Há muitos toques de humor no roteiro, não fique o espectador com a impressão que vai assistir um documentário dramatizado e tedioso qualquer. Nosso protagonista conhece uma macaca na mesma espécie, Gaia, (dublada por Isabelle Drummond), e se apaixona por ela, apesar da desaprovação do pai. O destino desse relacionamento fica em suspense. Numa aventura para fora da floresta, Castanha depara com queimadas e uma menina índia oferecendo frutas para ele. O herói se recusa a ser mascote do bicho humano e faz um gesto simbólico que é definitivamente o clímax do filme.

Fim da citação. Ou seja, o que estava lá, como a trama truncada não pode ser mexida, mas agora ao menos temos humor, marca registra do Torero. Enfim, no Brasil o grupo liderado pela Gullane conta com coprodução e distribuição da Imovision, coprodução de Globo Filmes, RioFilme e Telecine, e do Imovision do Jean Thomas. Com certeza poucos teriam a coragem e humildade de corrigir os defeitos. Só isso já credencia esta nova Amazônia.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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