RESENHA CRTICA: Lucy
Com a edio rpida, movimentos de cmera explosivos, viles convincentes, o filme funciona!
Lucy (Idem)
França, 2014. 89 min. Direção de Luc Besson. Com Scarlet Johansson, Morgan Freeman, Min-sik Choi, Amr Waked, Julian Rhind Tutt, Pilous Asbaek, AnaLeigh Tipton.
Milagres acontecem e ficam difíceis de explicar porque... É o caso deste filme Lucy, que não é americano, mas um produto da máquina europeia do diretor e roteirista Luc Besson, que faz anos tem o costume de produzir filmes de ação com atores americanos que estouram na Europa e mesmo ocasionalmente na America, como sucedeu com este filme que tinha orçamento de 40 milhões de dólares. E só nos EUA já chegou a 109 milhões (e ainda continua em cartaz), tendo rendido mais 61 milhões ma Europa, certamente tudo isso por causa do prestigio da estrela Scarlett Johansson (até o próprio Besson confessa que não gosta do filme!). Como ele realmente é fraco, deve ser o tipo de diversão que estão procurando numa temporada fraca de fim de verão (onde quase nada funcionou). Mais que isso Scarlett principalmente depois de ter sido a viúva negra para a Marvel estava merecendo este status!
Parece que antes de Scarlett apenas Angelina Jolie chegou a se entrevistar com ele sobre a chance de fazer o papel. Por outro lado, Besson afirmou que tinha a ideia do roteiro há mais de dez anos, usando a velha ideia (hoje não mais considerava verdadeira) de que o ser humano só sabe utilizar um décimo da capacidade de seu cérebro! Rodado em Taiwan e França, este thriller rápido e eficiente, é dos raros que expande a capacidade das mulheres como estrelas de filmes de ação, já que o diretor Besson já começou a fazer isso há muito anos atrás e de forma brilhante com Nikita (que depois deu origem a serie Femme Nikita e outro longa). Ele não tem problemas que o filme seja um delírio, uma fantasia violenta porque consegue os seus desígnios. Passando por uma notável metamorfose que pode não fazer muito sentido, mas funciona muito bem. Por que será que Mr. Besson foi o único que sacou o obvio, que Scarlett estava no momento certo de sua carreira de virar estrela de ação? E convencer. As tramas nunca são muito convincentes, mas de qualquer forma, ela vai parar na China por causa de um chefão do crime, Mr. Jang que esta lançando um novo tipo de droga recreacional que ela acidentalmente ingere, que ela vira Super Scarlett!
Se não deu certo há pouco mesmo nua quando fez uma ET assassina (mas o filme era muito ruim, Sob a Pele) por outro lado funcionou bem em Don Jon (Como Não Perder Essa Mulher), rapidamente em Chef, e principalmente só com a voz em Ela. Não é necessário mais explicações, Scarlett emerge com uma exuberante estrela, puxada para o brega, capaz de qualquer coisa e situação. Afinal descobre que a droga esta escondida dentro dela, realmente é uma mula! Mas com a edição rápida, movimentos de câmera explosivos, vilões convincentes, pequenos detalhes que foram roubados de outros cineastas (Fincher, Nolan), no que é no fundo a historia de uma mulher branca caçada por orientais. E para espanto universal funcionou. E funciona!
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.