RESENHA CRTICA: Cantinflas

Filme sobre comediante mexicano superficial mas bonitinho

14/10/2014 14:57 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Cantinflas

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Cantinflas (Idem)

México, 14. 102 min. Direção de Sebastian del Amo. Com Oscar Jaenada (Cantinflas), Michael Imperioli (Michael Todd), Ilse Salas, Barbara Mori (Elizabeth Taylor), Ana Layveska (Miroslava), Adal Ramones, Luis Arriet.

 

Será que teria sucesso no Brasil uma biografia feita hoje em dia de nosso maior humorista dos anos cinquenta, no caso Oscarito? É provável que não, já que o público tem memória curta. Ainda assim feitas as comparações, o mexicano Cantinflas/ Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes (1911-1993) foi muito mais conhecido porque  embora sediado no México, suas comédias foram exibidas em todo o continente (algumas pela Pel-Mex, outras pela Columbia, quase todos com imenso sucesso e para qualquer classe social. Foram 51 filmes de 37 a 82, o último O Varredor foi o único a sair aqui em Home Video). Além disso teve a sorte de ser celebrado em sua terra natal, também como toureiro e  descoberto por Hollywood para duas super produções americanas, A Volta ao Mundo em 80 Dias, do diretor Michael Anderson e produtor Mike Todd, inspirado em Jules Verne e que ganhou em 1957, os de melhor filme, direção, roteiro, fotografia, montagem, tendo sido indicado para figurino e direção de arte. Cantinflas não foi indicado ao Oscar® como parece no filme, a entrega daquele prêmio era o Globo de Ouro que formado por estrangeiro assim conheciam mais o ator. O êxito do filme fez com quem rodasse ainda mais um filme americano, Pepe (1960), onde ele fazia o mexicano Pepe, que cuidava de cavalos e ia para Hollywood onde esbarrara em todo o elenco da Columbia (de Kim Novak, a Debbie Reynolds, Shirley Jones). Mas era excessivamente longo e não sabia aproveitar o astro. E Pepe foi nominado o melhor ator e filme no Oscar®, mas não venceu.

Praticamente todos os filmes de Cantinflas foram dirigidos pelo mesmo realizador Antonio del Amo |(1911-91). Então há bastante lógica que esta biografia tenha sido dirigida pelo filho dele, Sebastian Del Amo, apenas em seu segundo trabalho, tendo tido êxito com o primeiro (The Fantastic World of Juan Orol, biografia de um diretor de filmes B meio involuntariamente surrealista!).

Mas ele escapou pela fantasia, encontrou um ator parecido com ele (ainda que mais alto e mais magro) que imita seu jeito de falar, mas  sem a mesma simpatia ou comunicação. Até na calça caída atrás que era sua marca registrada o filme falha. Ele é um espanhol de Barcelona, que tem carreira longa em filmes como Navegando em Águas Perigosas, Fuga Implacável com Bruce Willis, Che 2, Camaron (que lhe deu o Goya), Trash, que lhe deu o Gaudi.

Mas eu que assisti praticamente tudo que Cantinflas fez e me diverti muito, também porque sempre achei que ele era o México, o homem médio, falante, enrolador, simpático, sem grana, mas inteligente e esperto para conseguir sobreviver e ser feliz. Para não esquecer seu bigodinho característico. Ou o trapo que dependurava no ombro. Nada disso é valorizado no filme, que coloca genéricos interpretando as estrelas mexicanas da época (tudo rapidinho), tem uma cena com La Taylor (sai muda e entra calada)  já que Mike Todd seria seu futuro marido e conviveu muito com o astro (depois ele morreria num desastre de aviação sem ter tempo de fazer outro filme). Foi muito criticado também porque seu tipo tão forte – apelidado de Peladito, foi deixado de lado assim como a amizade que tinha com presidentes e políticos importantes! Rendeu nos EUA 6 milhões e pouco de dólares.

Superficial mas bonitinho, chega mesmo a ser inferior aos similares americanos de 60 anos atrás. Mesmo assim representa oficialmente o México no Oscar® agora.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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