Entrando Numa Roubada
No fundo é uma boa versão brasileira daquelas aventuras de estrada, road movies, não é nenhuma obra-prima, nem pretende ser
Entrando Numa Roubada
Brasil, 15. 90 min. Direção de André Moraes. Com Deborah Secco, Bruno Torres, Julio Andrade, Lucio Mauro Filho, Ana Carolina Machado, Marcos Veras, Thogun,Tonico Pereira, Tadeu Mello, José Mojica Marins.
É difícil não se ter simpatia por um filme que foi realizado por gente de uma família que a gente conhece há décadas e admira seu fervor pelo cinema, que passou de pais para filhos. O pai é o veterano diretor Geraldo Moraes, a mãe Mallu Moraes, atriz e produtora (hoje separados) e os dois filhos, Bruno Torres, que começou como ator infantil, depois se tornou intérprete competente como sucede alias aqui, onde tem bons momentos e o filho mais velho, André Moraes, que fez 4 curtas, tem 31 créditos como compositor de cinema, 3 como ator (esteve em Os Desafinados de Walter Lima Jr e Cazuza).Este é seu primeiro longa.
É evidente que ele trabalhou com um orçamento extremamente limitado e com a ajuda de amigos no elenco (Deborah na época namorava o irmão dele Bruno. Mas alguém devia ter dado a estrela convidada uma maquiagem mais adequada!). E que o título de comédia foi colocado para dar mais possibilidades comerciais, porque no fundo é uma versão brasileira daquelas aventuras de estrada, road movie, passado no deserto, influenciado por Tarantino e muitos outros. Nada errado nisso. O enredo mostra um grupo de amigos que esta fazendo um filme que esperam que venha a ser um imenso sucesso. Só que isso não acontece por razões nunca muito bem explicadas, mas anos depois eles se reencontram e pretendem retomar um projeto usando armas reais e uma câmera moderna, talvez criada por algum polonês genial, que permite que eles saiam realizando assaltos de verdade. E de repente há um propósito por trás de tudo que não vou contar... Mas que será o cerne da história e razão de todo o filme que desmascara os verdadeiros vilões. Não é nenhuma obra-prima nem pretendia. Ah, e não tem a Glória Pires em ponta como esta na moda!!!
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.