Nocaute (Southpaw)
Jake Gyllenhaal tem um trabalho notável de transformação física, tornando-se um autêntico lutador de boxe
Nocaute (Southpaw)
EUA, 15. 124 min. Direção de Antoine Fuqua. Roteiro de Kurt Sutter. Com Jake Gyllenhaal, Rachel MacAdams, Oona Laurence, Forest Whitaker, 5o Cent, Skylan Brooks, Naomie Harris, Victor Ortiz, Miguel Gomez.
É muito curiosa a reação da critica Americana a este filme que foi muito apedrejado por causa de sua história que seria cheia de clichês e situações dramaticamente melodramáticas (não custa relembrar como os críticos tem fobia por tudo que é dramático e o público adora! É um conflito sem solução!). Enquanto grande parte da imprensa louvou o trabalho de Gyllenhaal como o melhor de sua carreia e possivelmente lhe daria uma indicação ao Oscar (ano passado, ele merecia ter sido indicado por O Abutre que lhe deu indicação ao Globo de Ouro, Bafta, Independent Spirit e ate o premio do Cine Sesc como melhor ator estrangeiro). Menos o Oscar (tem ainda outra estreia forte neste ano que será a aventura Everest!).
O fato é que Jake tem um trabalho notável de transformação física, tornando-se um autêntico lutador de boxe, não especialmente inteligente e dependente da mulher que conhecida desde muito jovem (bela aparição de Rachel MacAdams que eu passei a admirar desde que tenho visto a série de TV True Detective!). Quando ela morre num atentado que nunca fica muito claro (outra coisa que a critica reclama e com certa razão), ele deixa sua vida desmoronar sem saber cuidar de sua única filha pequena (revelação de uma garota extraordinária ainda desconhecida para nós, Oona Laurence, agora vai virar estrela!).
Quem dirigiu o filme foi o competente (e black) Antoine Fuqua, que fez trabalhos como O Protetor e Dia de Treinamento (ambos com Denzel) e agora roda a nova versão de Sete Homens e um Destino. Ele tem a mão pesada mas nem por isso perde o controle de um filme de orçamento pequeno (tiveram que rodar na Pensilvânia, em vez de Las Vegas para as cenas de luta) e escrito por Kurt Pratt, famoso por seus roteiros de séries de TV, que foram The Shield Acima da Lei e o recém acabado Filhos da Anarquia.
Haveria coisas que ele podia ter explicado ou justificado melhor e situações que a gente tem a impressão de já ter visto em outros filmes (já que são tantos os clássicos sobre boxe, inclusive em A Menina de Ouro). Mas nada tira o impacto da interpretação do elenco, além de Jake, quem entra na hora final do filme é Forest Whitaker, como um novo treinador, que tem aqui provavelmente o melhor momento de sua carreira.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.