RESENHA CRTICA: Mundo Co
Uma trama curta que pode interessar quando passar na TV
Mundo Cão
Brasil, 16. 105 min. Direção de Marcos Jorge. Com Lazaro Ramos, Babu Santana, Adriana Esteves, Milhem Cortaz, Thainá Duarte, Vini Carvalho, João Signorelli, Fernanda Viacava.
Muitos anos atrás em 1962, houve um pseudo documentário italiano que fez sucesso no mundo todo chamado justamente Mondo Cane (Mundo Cão de Jacopeti e Paolo Cavara) que mostrava que o homem era o pior dos predadores. Chegou mesmo a ter uma música tema que foi indicada ao Oscar e fez sucesso no mundo todo (More) e foi vendida como um shockdocumentary, coisa inédita então (por suas cenas violentas). Enfim, o diretor roteirista Marcos Jorge deve gostar do filme porque colocou ao final uma ceninha de créditos dele além de aproveitar o titulo. O realizador paranaense que havia estreado com o muito interessante Estômago (07) uma promessa que não se concretizou em Corpos Celestes (feito antes, lançado depois) nem no ainda inferior O Duelo (15), baseado em Jorge Amado.
Não sei bem porque ele quis rodar este filme modesto e fadado ao fracasso de publico que tem uma história ao mesmo tempo singela e difícil (o público brasileiro tradicionalmente rejeita filmes com negros protagonistas e ainda mais com mães mal tratadas!) . Ainda assim é bem dirigido e adequadamente interpretado (Lázaro tem um papel ingrato de vilão, já que ele sempre merece mais. E Adriana Esteves faz tão bem a mãe de família costureira e crente, que quando desaparece o filme fica perdido).
Lázaro faz um criador de cães violentos (a história se passa antes da lei atual, ou seja, podia-se matar cachorros perdidos ou sem dono) que abusa dos bichos para fazer chantagem com seus clientes de jogos fora da lei. Babu Santana faz o bom sujeito que recolhe os animais e tenta cuidar de sua família que tem dois filhos, um moleque e uma adolescente deficiente auditiva (ambos se saem bem mas a Thainá além de linda, segura a sequência mais forte e inesperada da história). Enfim, uma trama curta que pode interessar quando passar na TV. Para o diretor não passa de um exercício.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.