RESENHA CRTICA: Elis
No Festival de Gramado onde foi ovacionado e levou os prmios de pblico e atriz, Andra Horta d um show
Elis
Brasil, 16. Direção de Hugo Prata. Com Andrea Horta, Gustavo Machado (como Boscoli), Caco Ciocler (Cesar Camargo Mariano), Zé Carlos Machado (o pai dela), Lucio Mauro Filho (Miele), Julio Andrade (Lennie Dale), Rodrigo Pandolfo (Nelson Motta), Icaro Silva (Jair Rodrigues),Eucir Souza (adv. Samuel McDowell), Isabel Wilker (Nara Leão), Cesar Troncoso (Marcos Lazaro), Bruce Gornlevsky (Henfil), Marisa Orth (Myriam Muniz), Nathalie Rodrigues (Bete).Roteiro de Prata, Luiz Bolognesi, Patricia Andrade, Nelson Motta, Vera Egito.
Fui amigo de Elis Regina, cuja lembrança guardo com muito carinho, com a certeza de nunca ter visto alguém tão excepcional cantando num palco. Era daquelas grandes interpretes do estofo de Judy Garland ou Edith Piaf (e as gravações apesar de brilhantes nunca chegavam aos pés do que era sua presença em cena). Então para mim, mesmo depois de tanto tempo, ainda é difícil encarar este seu primeiro filme biográfico onde a escolha/aparência do elenco de apoio é apenas vagamente semelhante aos participantes. Há também ausências curiosas como a do irmão de Elis, uma figura indispensável em toda sua vida e que morreu em acidente de carro, toda seu começo de carreira em Porto Alegre, em programas de rádio e com problemas nos olhos (era vesga), o fracasso dos primeiros discos. Ou seja, a verdadeira Elis era muito mais do que o filme mostra. Mas também não esconde características difíceis e o triste final. Não endeusa, nem mistifica, mas não se surpreenda como aconteceu no Festival de se ver chorando ao tomar vida na tela um comovente retrato de nossa maior cantora.
Ainda assim, mesmo sofrendo complicadas sessões de remontagem, é notável como o filme consegue superar os problemas. Isso ficou claro no Festival de Gramado onde foi ovacionado e levou os prêmios de público e atriz. E aí esta o milagroso acerto, vendo em outros trabalhos (revelada pela serie de teve da HBO, Alice, 08, foi vista na série da Globo Liberdade, Liberdade) não chega nem a lembrar Elis. Eis que acontece o milagre e principalmente da metade para o fim é Elis que tomou seu corpo e seu lugar. Sem nunca cair em caricatura ou exatamente imitação, Andréa dá um show que a transforma imediatamente em Estrela.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.