RESENHA CRTICA: Assassins Creed (Idem)
Parece mesmo um video game de arte! Delirante mas certamente um pouco repetitivo, ao menos me pareceu um esforo indito e pretensioso
Assassin’s Creed (Idem)
Espanha, Inglaterra, 16. Direção de Justin Kurzel. Com Marion Cotillard, Michael Fassbender, Jeremy Irons, Brendan Gleeson, Charlotte Rampling, Essie Davis.
Apostava-se nesta superprodução de 125 milhões de dólares como sendo a melhor adaptação para o cinema de um vídeo game famoso. Mas acabou sendo mais um inesperado e profundo desastre de bilheteria (31 milhões de renda ate o fim do ano). Talvez porque seu diretor simplesmente foi o autor daquela pretensiosa e muita escura adaptação de Shakespeare, Macbeth: Ambição e Guerra, 15, um australiano que reuniu novamente seus dois amigos, Fassbender e Marion Cotillard, e com reforço de alguns veteranos famosos (Jeremy Irons, Charlotte Rampling, Brendan Gleeson) e alguns dos melhores e mais ousados stunt men, que fazem coisas raras e perigosas. Porque aí esta o truque, o diretor em vez de usar linguagem de game (Assassin´s naturalmente é um clássico e tinha a missão difícil ou impossível de se tornar o primeiro grande game a estourar no cinema. Coisa que ate agora não aconteceu, sendo que o mais popular continua sendo o apócrifo mas divertido Resident Evil, com Mila Jovovich, agora já na já chamada de Edição Final).
Por outro lado é um espetacular filme de aventura, um pouco pesado para jovens que não tem a menor ideia do que seria a Confraria dos Assassinos, nascida na Espanha na Andalusia por volta de 1492, quando teria sido o auge dos Templários. A história é contada com grande jogo de luzes, câmeras sempre móveis, lutas e mergulhos incríveis em desfiladeiros. Fassbender tem sempre aquela cara convincente de sempre no papel de Callum Lynch que experimenta as sensações de um antepassado, chamado Aguilar, da Espanha. Para escapar ele ainda criança teve que sair correndo enfrentando toda sorte de perigos, para ter seu lugar na confraria agora dirigida por Marion Cotillard e tendo como chefe Jeremy Irons.
Isso é basicamente o filme, que possivelmente desapontou os fãs do game mas que é bem realizado lembrando também ficção cientifica quanto a Renascença (é incrível como as falas em espanhol tem um peso especial). Parece mesmo um video game de arte! Delirante mas certamente um pouco repetitivo, ao menos me pareceu um esforço inédito e pretensioso. Mas com certo charme. E ambição.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.