RESENHA CRTICA: Alm da Iluso (Planetarium)
Toda a culpa deste delrio de mau gosto a diretora, uma certa Rebecca Zlotowski
Além da Ilusão (Planetarium)
França, 2016. 1h45. Direção de Rebecca Zlotowski. Com Natalie Portman, Lily-Rose Depp, Emanuel Salinger, Amira Casar, Pierre Salvadori, Lois Garrel, David Bennent, Damien Chapelle , Camille Lelouche. Mares Filmes
É bastante comum assistir filmes pretensiosos, metidos à arte, que passam em Festivais (como este aqui em Veneza, que chegou a ser indicado como trilha musical pelo Lumière e como desenho de produção no César). Mas que depois são massacrados pela crítica que acaba por se irritar com um projeto tão desperdiçado de um elenco curioso e importante, como Natalie Portman (desta vez falando quase o tempo todo francês e aparecendo desnuda – deitada sem maiô – mas sem aquele sotaque ridículo que usou no filme de Jacqueline Kennedy). Curiosamente sua irmã na história na verdade é interpretada por Lily-Rose Depp que preza por ser inexpressiva talvez por ser filha de Johnny Depp e Vanessa Paradis. E que fez antes três filmes, num deles Deus nos livre, fazendo o papel da lendária dançarina Isadora Duncan.
Mas aqui toda a culpa deste delírio de mau gosto é a diretora, uma certa Rebecca Zlotowski, francesa/parisiense, nascida em 1980, roteirista de vários filmes e diretora de dois outros além deste aqui, Belle épine (10), e Grand Central (13, exibido aqui, com Tahar Rahim, Léa Seydoux). Na primeira sequência até que me pareceu promissor, quando Natalie se apresenta num espetáculo de boate (em francês) lembrando as pessoas da possibilidade dos mortos falarem (besteira porque o filme logo se encaminha por outro viés, talvez porque o dona Zlotowski perdeu o roteiro e não sabia o que diabos fazer). Na verdade, este é o tipo do filme infame e irritante, que grande parte das crítica não saberá o que dizer por que terá medo de parecer mais burra que o diretor.
Os franceses certamente mais próximos do ridículo acabaram com o filme que não melhora quando entra em cena um diretor de cinema francês que se intitula Emmanuel Salinger (André Korben) que já na primeira cena parece ter um derrame cerebral! Dali em diante, o filme é tão confuso e entrecortado que nunca faz maior sentido. Alias a presença de Louis Garrel é igualmente tola e dispensável. De qualquer forma, o final faz sentido, não resolve nada, nem sequer tem uma conclusão digna do nome.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.