RESENHA CRTICA: Divrcio
Divrcio tem uma produo visual bastante luxuosa no que poderia ter sido um filme bem mais divertido
Divórcio
Brasil, 17. Direção de Pedro Amorim. Roteiro de Paulo Cursino, Angélica Lopes, André Mattos e Tubaldini Jr. Com Murilo Benicio, Marcia Cabrita, Camilla Morgado, André Mattos, Luciana Paes, Sabrina Sato, Ângela Dip, Thelmo Fernandes, Lu Grimaldi, Antônio Petrin.
Por coincidência, eu fui a trabalho em Ribeirão Preto e fiquei impressionado com seu crescimento com shoppings, estradas, hotéis de luxo, muitos prédios de qualidade e uma cidade com um sofisticado design que não esconde suas casas suntuosas e seu incrível crescimento. Não é minha primeira vez na cidade e sempre encontrei pessoas de alto nível, boa aparência, bem informadas, de tal maneira que acredito que seja uma das melhores cidades do interior de todo o Brasil. Certamente a mais moderna e elegante.
Embora tenha sido rodado praticamente todo em Ribeirão Preto, este filme teve a infeliz ideia de fazer os protagonistas falarem um “caipirês” digno de Mazzaropi. Coisa que não acontece ao menos no ambiente de sociedade elegante que o filme mostra. Se fosse eu ficaria também no mínimo irritado com a criação de uma caricatura que a dupla Murilo, de Niterói e Camila, de Petrópolis, se esforça em fazer (e termina de forma muito irregular, na verdade o cantor country se sai melhor que eles). O diretor Amorim é de Brasília e fez antes séries de TV (como Mothern), Domingo de Páscoa (08), Superpai (15) e No Mato sem Cachorro (13).
Divórcio tem uma produção visual bastante luxuosa no que poderia ter sido um filme bem mais divertido (matar uma pobre coruja foi um esforço de mau gosto!), caso o personagem deles fossem menos nerds e idiotas. Camila Noeli é apaixonada por Julio, ambos sem muito dinheiro. Ou melhor, quem não tem nenhum é Júlio já o que filme não sabe construir personagens secundários e infantis mais interessantes e menos caricatos. Mas Júlio consegue tirá-la da festa do casamento e os dois vão padecendo da pobreza, até quando ela inventa um molho de tomate de grande sucesso. Passam-se anos e eles rolam na grana, embora se gostem acabam brigando (muita chanchada a vista) em conflitos mais ou menos bobos ou pouco engraçados. De tal forma que se os habitantes locais boicotassem o filme, eu entenderia perfeitamente.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.