RESENHA CRTICA: Thelma (Idem)
O ponto mais forte do filme na verdade a elegncia da direo e fotografia que apesar do ritmo lento, deixa sempre a gente com um visual atraente
Thelma (Idem)
Noruega, França, Dinamarca, Suécia, 2017. 1h56 min. Direção de Joachim Trier. Roteiro de Trier e Eskil Vogt. Com Eili Harboe, Kaya Williams, Henrik Rafaelsen, Ellen Dorrit Petersen, Grethe Eltervag, Vanessa Borgli.
Foram revelados ontem os finalistas a premiação dos prêmios dos críticos americanos, chamados Critic´s Choice e que é sem dúvida o menos respeitado de todos do gênero. Ainda assim é curioso ver que na categoria de filme estrangeiro que o brasileiro ficou de fora, como se temia, entrando em seu lugar filmes que até por aqui começavam a ser reconhecidos, a saber o inteligente e humorístico The Square da Suécia de Ruben Ostlund (que irá estrear breve por aqui), In the Fade de Fati Akin, da Alemanha e França, com Diane Kruger, previsto para chegar no Brasil em 8 de fevereiro, First they Killed my Father (o bom filme dirigido por Angelina Jolie, que você já pode assistir pela Netflix!), Uma Mulher Fantástica/ A Fantastic Woman de Sebastian Lello, do Chile com Daniela Vega e Francesco Reyes que já esteve em cartaz por longo período aqui e deve voltar, e o francês BPM Beats for Minute/12 Batimentos Por Minuto, de Robin Campillo, com Nahuel Perez Biscayart e Arnaud Valois, sobre a crise da Aids. E outro filme que está em cartaz neste momento em nossos cinemas, com boa repercussão que é o Thelma (coprodução entre Noruega, França, Suécia e Dinamarca, mas os diálogos são noruegueses).
Para gostar deste filme é preciso antes de tudo aceitar que ele tem inegável semelhança com o Carrie, a Estranha, 1976, de Brian De Palma e Stephen King. Naturalmente como é escandinavo tudo é mais gelado, distante, “cool”. Ainda que lésbico! Mas basicamente a história é a mesma, uma garota chamada Thelma, que vive com os misteriosos pais (ele é médico) numa região distante e fria (a mãe está na cadeira de rodas não se sabe porque). A moça bastante bonita vai para uma faculdade moderna estudar biologia, mas logo começa a ter ataques de algo não identificado. Mas também faz amizade com uma colega bem interessante chamada Anja que lhe vai abrindo as portas para a vida noturna, bebida alcoólica e maconha. Mas isso não importa muito na história, o fato é que as duas logo estarão se beijando e Thelma, começa a ser feliz (apesar da pressão familiar e também das constantes crises que sofre).
O ponto mais forte do filme na verdade é a elegância da direção e fotografia que apesar do ritmo lento, deixa sempre a gente com um visual atraente. E depois o romance das meninas é igualmente agradável. Quando vira a primeira hora é que começa realmente a história e vamos desvendando o mistério (a cena inicial era a única a dar uma dica!). Não quero explicar muito nem estragar o trabalho desse diretor chamado Joachim Trier, que descende de família de cinema e que cujos todos os longas, passaram por aqui ainda que em Festivais: Começar de Novo (06), Oslo, 31 de agosto (11), Mais Forte que Bombas (15), o único que assisti (que tinha Jesse Eisenberg e Isabelle Huppert).
Não há surpresa em que ele seja um realizador frio e esteta. O fato é que tudo se torna mais forte e interessante na parte final, o que deve lhe conferir uma interessante carreira.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.