Thelma & Louise no Cinemark

Thelma & Louise de volta nos Clássicos do Cinema. De 3 a 13 de abril

01/04/2016 12:41 Por Rubens Ewald Filho
Thelma & Louise no Cinemark

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Thelma & Louise - Clássicos Cinemark de 3 a 13 de abril

EUA, 1991. 129 min. Diretor: Ridley Scott. Elenco: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Brad Pitt, Christopher McDonald, Michael Madsen, Lucinda Jenney, Stephen Tobolowsky, Jason Beghe.

Sinopse: Duas amigas, uma dona de casa frustrada e uma garçonete do Arkansas saem para passar fim de semana no campo. Mas reagem a um estupro e acabam sendo perseguidas pela polícia numa caçada interestadual.

Comentários: Não é a toa que eu torcia para o diretor Ridley Scott ser ao menos indicado a um Oscar este ano por Perdido em Marte, já que ele tem em seu curriculum pelo menos três grandes clássicos, Blade Runner (que Deus nos ajude porque ele vai ganhar uma continuação), Alien, o Oitavo Passageiro e este notável filme feminista que foi o encerramento de Cannes, e apesar de seu orçamento reduzido virou um clássico (constantemente reprisado pela TV por assinatura). O britânico Ridley abalado ainda pela morte do seu irmão mais novo Tony Scott (1944-2012, que se suicidou sem deixar explicações) é hoje um dos maiores produtores de Hollywood (com ajuda do filho também produz séries como The Good Wife e minisséries de TV, as novas Mercy Street e Taboo). Mas ficamos sempre com a impressão de que seus melhores anos já passaram (nasceu em 1937 e fez ainda outros filmes de qualidade como a estreia em Os Duelistas, Chuva Negra, Gladiador - o filme foi premiado mas não ele! - O Gângster, Falcão Negro em Perigo etc.).

Aqui foi Callie khouri quem escreveu o roteiro original e foi coprodutora (que virou diretora com Divinos Segredos com Sandra Bullock, Loucas por Amor Viciadas em Dinheiro, com Diane Keaton e Queen Latifah e a série de TV que criou e faz sucesso Nashville).

Este filme deu um Oscar de roteiro para Callie mas não ganhou nenhuma das outras indicações, Geena Davis e Susan Sarandon competindo entre si como protagonistas (que confessou que queria era ter feito o outro papel), filme, diretor, fotografia e montagem. Também ganhou Globo de Ouro e Sindicato dos Escritores de roteiro. Na verdade muito pouco para sua grande reputação até hoje.

Outro fato extraordinário é que foi este filme quem revelou e transformou imediatamente em astro o jovem Brad Pitt, fotogênico e despido, que deixa forte impressão como um vigarista que tem uma noite de amor com Geena. Na verdade, ele já havia feito vários telefilmes e produções menores (desde 1986), mas só a partir daqui que foi ganhando papeis melhores em fitas B, Johnny Suede, e O Mundo Proibido.

O fato é que raramente o cinema americano contou uma história tão abertamente a favor de uma dupla feminina, pintando retratos convincentes de duas mulheres (elas se defendem de um estupro e por isso viram fugitivas e o final ainda que poético está longe de ser feliz). Thelma (Geena) é meio desmiolada e Louise (Sarandon) mais com os pés na terra, mas sua aventura nas estradas e até no deserto na região onde filmava o diretor John Ford, é um ato de amizade e de libertação. Envolvente e com muita ação, se tornou um Cult obrigatório e sempre interessante de se rever. Um clássico “road movie”. Tecnicamente perfeito, com as mulheres em grande forma, curiosamente foi feito com orçamento pequeno. Por isso teve varias cenas espontâneas e não ensaiadas, como a queda de Chris McDonald, que cai na construção (escorregou mesmo mas continuou representando), Loiuse tirando os fones de Thelma (estava alto demais e esta não ouviu a deixa), as duas se assustando com a explosão (o diretor queria reações autênticas). Dizem que George Clooney testou 5 vezes para o papel que ficou para Brad (por sua vez nesta cena recusou dublê para momento de nudez), cinco idênticos carros conversíveis Thunderbirds foram usados na filmagem. Scott teve apenas 45 minutos de luz para conseguir rodar a cena final. O diretor gostou tanto da trilha musical de Hans Zimmer que ele criou uma sequencia de abertura especialmente para ele ser usada.

Quem teve a ideia de que Scott dirigisse o filme em vez de apenas produzir foi Michelle Pfeiffer (que foi a primeira escolha para o filme junto com Jodie Foster, mas tiveram que largar o projeto quando ele se atrasou). Callie que originalmente tinha pensado em dirigir o filme em 1979 com um tom de documentário, queria em vez delas Frances McDormand e Holly Hunter. Ridley se inspirou muito no filme de Terrence Malick Terra de Ninguém. Catherine Keener filmou o papel do Investigador Hal mas sua cena foi cortada na versão final.

O trailer original apresentava o filme como uma comédia. Curiosamente três astros daqui depois se tornariam costumeiros em filmes de Tarantino, Pitt, Madsen e Keitel. Alerta Spoiler: 1)houve uma tentativa de mudar o final fazendo com que Louise expulsasse de surpresa Thelma do carro; 2) O beijo no final do final foi uma surpresa criada por Sarandon; 3) O estúdio fez tudo para mudar o final mas não conseguiram encontrar outro melhor. O máximo que houve foi Scott rodar um final mais longo acompanhando o carro no canyon ao som de musica de B. B. King em vez de vê-lo em vez de congelar a imagem.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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