RESENHA CRTICA: Dogman (Idem)

uidado: no comdia, no um filme fcil de consumir chega mesmo a comover. Mas obra importante do maior diretor do cinema italiano atual que nos toca e consome. Seria to bom se o cinema italiano fosse sempre assim to verdadeiro, to cruel, to humano

21/02/2019 23:39 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Dogman (Idem)

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Dogman (Idem)

Itália, 2018. 103min. Direção de Matteo Garrone. Roteiro de Ugo Chiti, Garrone e mais 8 créditos! Com Marcello Fonte, Edoardo Pesce, Nunzia Schiano, Adamo Dionisi, Francesco Acquaroli, Gianluca Gobbi.

Tem sido difícil ter acesso ao velho-novo cinema italiano, realista, grosseiro (no bom sentido), humano, sensível e quase sempre conservando ainda a herança incrível e impecável do chamado Neo-Realismo italiano, criado nos anos do imediato após guerra e que depois por ao menos 30 anos seguintes produziram o que de melhor havia no cinema mundial. Não exagero, os italianos já dominaram o cinema mundial, mas infelizmente tantas outras coisas no mundo e mesmo na Europa, hoje se desintegraram com raras exceções. Esta é uma delas, uma obra do diretor Matteo Garrone, 1968, filho de crítico de teatro e fotógrafo. Foi descoberto em 96, quando ganhou um prêmio curta chamado Shilloutte, 96, que se tornou uma parte de um longa chamada Terra di Mezzo, 96. Ganhou melhor filme europeu e depois David di Donatello, que por Gomorra, 08, sucesso mundial. Veio depois Reality Grande Ilusão, 12, que ganhou o Grand Prix do Festival de Cannes. Em 2015, fez o menor O Conto dos Contos, que concorreu em Cannes. E depois alguns curtas até este aqui, Dogman (fará a seguir um Pinocchio). Que também obteve prêmios, mas este filme novo e um pouco forte para o público atual mais suave, teve menções do European Film Award, 3 do Sindicato dos Jornalistas (como filme, diretor e produtor), melhor filme do Festival de Jerusalém, prêmios em Trieste, Toronto.

De fato, o Sr.Garrone é um grande artista italiano que faz aqui um mergulho profundo numa cultura que podia parece velha e antiga mas que me pareceu estreitamente forte e humana, muito patética. Há tempos não sentia a pobreza decorada com uma bela fotografia da vida cotidiana, na figura de um ator que desconhecia e que tem uma incrível máscara de humilde, de gente simples, quase na beira da loucura. Este Marcello (que estará também em Pinochio) é a escolha certa para os olhos grandes e tristes do solitário que tem uma adorável filha pequena, mas que vive de cuidar dos cachorros de donos humildes do bairro. Convive com outras figuras de pouco dinheiro mas é especialmente fraco ao lidar com um sujeito grandão e briguento, que vive consumindo drogas. Sem desculpas. Marcello é como o título diz um Dogman, mas a realidade é muito mais triste e até mesmo patética. Cuidado: não é comédia, não é um filme fácil de consumir chega mesmo a comover. Mas é obra importante do maior diretor do cinema italiano atual que nos toca e consome. Seria tão bom se o cinema italiano fosse sempre assim tão verdadeiro, tão cruel, tão humano.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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