Marvin
Estudante do Ensino Medio, Marvin (Finnegan Oldfield) sofre bullying na escola e desprezo em casa por ser gay. Desde garoto enfrenta problemas semelhantes, uma vida marcada por abusos, falta de compreensao e renuncias. Tentando fugir a todo momento da realidade, aproxima-se do teatro onde conhecera pessoas que o ajudarao a se libertar


Marvin (Idem). França, 2017, 113 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Anne Fontaine. Distribuição: Focus Filmes
Um delicado drama de temática gay muito bem construído, com destaque para o bom trabalho do ator principal, o britânico criado na França Finnegan Oldfield, que interpreta com sinceridade o garoto-título do filme - e pelo papel concorreu ao Cesar. Mistura fatos recentes, do rapaz nos palcos do teatro, e memórias, do protagonista quando pequeno (interpretado por outro bom ator, Jules Porier), e em ambos os tempos os problemas que cercaram Marvin, de bullying e desprezo por ser homossexual. Nascido no interior, ele vivia fugindo da escola por apanhar e ser ridicularizado pelos alunos mais velhos. Em casa o pai o condenava com olhares fulminantes, havia a ausência da mãe e tinha medo do irmão violento. Ficou sozinho em quase todos os momentos da vida, até que na juventude, por meio do teatro, aproximou-se de pessoas que mudariam sua trajetória, como uma diretora da escola recém-empossada, um mentor que o encoraja a contar sua vida nos palcos e por fim a atriz Isabelle Huppert (que faz ela mesma).
Marvin vira um exemplo comum de vidas massacradas pelos abusos físicos e psicológicos, uma das vítimas das várias formas de intolerância que se arrastam pelo mundo afora. Mesmo com dificuldades, como se estivesse numa prisão eterna, amenizou os tormentos da alma ao lado de pessoas solidárias e compreensivas (ainda resta uma salvação!?).
Veja e se emocione! Um filme independente da diretora e roteirista Anne Fontaine (que também foi atriz), uma grande realizadora de dramas femininos com personagens mulheres de impacto em seus filmes, como “Nathalia X” (2003), “A garota de Mônaco” (2008), “Coco antes de Chanel” (2009), “Gemma Bovery – A vida imita a arte” (2014) e o melhor de seus trabalhos, “Agnus Dei” (2016) - em “Marvin”, com roteiro dela junto de Pierre Trividic, percebemos sua mão feminina na composição das cenas, do enredo e dos personagens.
Ganhador do Queer Lion no Festival de Cinema de Veneza, onde também concorreu a melhor filme no Venice Horizons. Foi exibido ainda no festival Varilux de Cinema de 2017.


Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com

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