Casando Literatura e Ciencias Humanas

Edmund Wilson faz de Rumo a estacao Finlandia uma obra mais que moderna

27/01/2021 14:27 Por Eron Duarte Fagundes
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O norte-americano Edmund Wilson funde os processos literários e das ciências humanas em Rumo à estação Finlândia (To the Finland Station; 1940); ao revelar uma enviesada influência do historiador francês Jules Michelet sobre as aventuras estéticas do ficcionista igualmente francês Marcel Proust, Wilson começa a dar as tintas de seu ensaio. “Sem dúvida, isto influenciou Proust (ao lado de outras influências, como a de Tolstoi) a adotar conscientemente o método de apresentar personagens numa série de aspectos contrastantes, criando um efeito semelhante àquelas longas linhas dos gráficos de economia que sobem e descem ao longo do tempo.” Rumo à estação Finlândia é igualmente um retrato do pensamento de esquerda nos séculos XIX e XX, onde a figura do alemão Karl Marx aparece como ponto central, difusor e “confusor” de idéias que, soltas de seus liames originais, se perderam ao longo da realidade tão mutante quanto não-teorética; arguto, Wilson analisa Max sob a égide de seu judaísmo: “O gênio característico do judeu é o gênio moral.” E de Marx (um homem de ciências, mas com alma de artista) Wilson torna a pular para Proust, um artista com senso de cientista. E novamente o judaísmo: “Foi provavelmente graças a seu lado judeu que Proust não se tornou o Anatole France de uma fase ainda mais decadente da tradição beletrística francesa.” E Wilson assevera, permeando-se de polêmica: “Sem dúvida, a autoridade moral dos judeus é um dos fatores mais importantes que levaram os nazistas a persegui-los.” Casando diversos assuntos e reflexões, casando o universo da arte com as descobertas da ciência, Wilson faz de Rumo à estação Finlândia uma obra mais que moderna, uma suma de seu tempo que, mais até do que o extraordinário Homens em tempos sombrios (1955), da alemã Hanna Arendt, transcende as individualidades que descreve.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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