Mark Twain é a autêntica origem da linguagem literária americana. O tom direto de Ernest Hemingway e as criações linguísticas de William Faulkner (com suas inventivas inserções nas falas deformadas do povo) nascem daquilo que, no século XIX, Twain trouxe em seus livros.

As aventuras de Tom Sawyer (The adventures of Tom Sawyer; 1876) é o primeiro livro em que narra as infâncias dos garotos Tom Sawyer, pertencente à classe média, e Huckleberry Finn, um menino das ruas, cujas frases irregulares e incorretas são captadas com habilidade e sensibilidade pelo escritor. O segundo livro destas andanças humanas de Tom e Huck, As aventuras de Huckleberry Finn (1885), é geralmente apontado como o ponto alto da literatura americana em todos os tempos. As aventuras de Tom Sawyer não lhe fica atrás: o livro começa com as desavenças entre Tom e sua tia Poly, cruza as ruas, anda pelas salas de aula, descreve uma angustiada perdida de tom e uma colega numa caverna, mostra o desejo dos meninos de subversão ao projetarem, com humor, uma gangue para assaltar, assaltar qualquer pessoa que cruzasse com eles nos becos do lugarejo em que vivem.

Twain nasceu quando o Cometa Halley passava pela Terra. Pouco antes de morrer, diante da nova passagem do cometa por aqui, usou de seu humor mordaz para referir-se a esta coincidência, falando em “fenômenos inexplicáveis”, Twain e o cometa. Partiram quase juntos. Ficou a grande literatura e este aspecto folclórico que talvez merecesse outras páginas de Mark Twain, satíricas e rocambolescas.

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)