O Cotidiano do Departamento

O Capote influenciou toda uma geracao de escritores, a gercao de Dostoievski

31/12/2024 02:28 Por Eron Duarte Fagundes
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Nikolai Gógol é um dos grandes duma grande literatura, a literatura russa do século XIX. Escritor russo porque nasceu sob o antigo Império Russo. Mas a região em que nasceu pertence hoje à Ucrânia. Ficcionista clássico de duas literaturas, pois.

O capote (1842) é um de seus trabalhos mais referidos. Um conto ambientado no universo burocrático soviético da época. Quase um pré-Kafka no tratamento dos absurdos do comportamento cotidiano do homem. Segundo Dostoievski, provavelmente o maior entre aqueles gênios literários vindos à luz à beira da Sibéria no século retrasado, O capote influenciou toda uma geração de escritores, a geração de Dostoievski. Não é pouco: é impressionante que a singeleza estudada deste conto tenha este poder. Mas a ideia de Dostoievski é bem exequível: a argúcia e a criatividade literária russa ao longo das décadas.

O capote novo, obsessivamente encomendado a um alfaiate, de Akáki Akákievitch, “um daqueles eternos servidores de nona classe” que servia num determinado e não nominado departamento, é subitamente roubado. Recorrendo à ajuda policial, aos colegas, aos superiores para o ajudarem a recuperar seu objeto de adoração, o capote, Akáki fracassou. Não apareceu o capote. No curso das coisas, Akáki morre. Há quem se arrependa de não o ter ajudado na trivial busca do capote. Há quem veja o fantasma de Akáki, ou supostamente, vagando entre os sintomas de culpa da população que não quis ajudar o falecido. Talvez Dostoievski tenha razão, quem sabe o delírio com o Diabo na mansão dos Karamazov se origine mesmo das banais aparições fantasmais de Akáki, à maneira do gótico russo. “No entanto, aquele fantasma era muito mais alto que Akáki Akákievitch, usava um enorme bigode e, dirigindo-se, aparentemente, para a ponte Oleúkhov, acabou desaparecendo nas trevas noturnas.”

 

(Eron Duarte Fagundes — eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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