Impressiona mesmo o trabalho de Eva Victor, que escreve, dirige (sua estreia na função) e protagoniza esse filme que fez uma notável carreira no Festival de Sundance e garantiu para Eva indicação ao Globo de Ouro como melhor atriz. Conquistou também 4 indicações ao 41º Film Independent Spirit Awards (melhor filme, diretor, roteiro e atriz coadjuvante) e melhor roteiro original no Critics Choice Awards. Eva interpreta Agnes, professora de literatura que segue uma escalada de redescoberta pessoal depois de um evento traumático (sem spoilers). Em volta de sua vida comum, estática, circulam pessoas como Lidye (Naomi Ackle), a amiga que a vista e anuncia que está grávida, o interessado Gavin (Lucas Hedges), seus alunos, mas para cada um com quem interage Agnes percebe que nada faz sentido para ela. É o protagonismo da solidão que se sobressai, da dificuldade de encontrar um sentido em um mundo de dores e frustrações. A personagem reflete essa solidão doida que o mundo muitas vezes inflige. Agnes fez de sua casa um refúgio e também uma prisão. A visita de Lidye a leva a refletir e o título só fará sentido ao final da jornada de Agnes, fechando as pontas de sua história. O produtor Barry Jenkins, diretor de Mufasa - O Rei Leão (2024), conheceu Eva Victor depois de segui-la no Instagram. Victor passou a segui-lo também, e Jenkins enviou uma mensagem dizendo que ela poderia enviar roteiros para sua produtora, Pastel, caso escrevesse alguma coisa. Victor disse mais tarde que Jenkins a via como diretora antes mesmo dela se considerar como tal, já que ele acrescentou que seu trabalho cômico nas redes sociais era direção, mesmo que ela não o visse dessa forma. A direção de Eva é intimista, praticamente uma sessão psicanalítica, tem ritmo lento, trabalhando o que impulsiona Agnes a enfrentar a vida, a se reerguer, e sobretudo a se reconhecer. É como se ela tivesse que renascer para a vida, e como já diz o título entender que muitas vezes só nos resta nos desculpar e seguir.