RESENHA CRTICA: Ponte Area

No consegui embarcar nesta histria de amor que no decola

26/03/2015 15:51 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Ponte Aérea

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Ponte Aérea

Brasil, 2015. Direção de Julia Rezende. Com Caio Blat, Felipe Camargo, Leticia Colin, Emilio de Mello, Cristina Flores, Silvio Guindane, Martha Nowwill, Silvio Zilber.

É uma má ideia ter dois filmes em cartaz com o mesmo ator Caio Blat, nenhum deles bem conhecido, provocando confusão e um sabotando o outro. Um deles, a comédia Meus Dois Amores é mais antiga (12) e só estreou agora (não a assisti ainda). Parece ser uma comédia rural inspirada em Guimarães Rosa.

Esta aqui é mais contemporânea, novo trabalho da talentosa Julia Rezende (filha de Sergio), que tem se dado bem com Meu Passado me Condena, série de TV, longa e agora continuação. Difícil dizer assim a primeira vista porque o filme não funciona melhor. Talvez porque estejam esperando uma comédia e acaba sendo outra coisa, “uma comédia romântica” com outras regras e que acaba sendo endereçada a outro público menos avisado. Há problemas com o roteiro, que transforma o herói Bruno num dos personagens mais chatos e menos resolvidos dos últimos tempos. Ele tem problemas de família (quem não os tem?), mora no Rio e não tem profissão definida. Na verdade, a Ponte Aérea do titulo é mero pretexto porque nada praticamente sucede nela. Logo no começo os dois iriam usar o voo, mas vão parar em Minas Gerais, onde passam a noite juntos. A moça é Amanda , Leticia Colin, criativa bem sucedida de agencia de publicidade, liberada e que não deve satisfação a ninguém. O sexo parece ter sido bom (isso fica suposto e dito, mas no segundo tempo já assistimos alguns lances mais explícitos. Mas hoje em dia, qualquer coisa nacional parece melhor do que os Tons de Cinza).

Enfim, Amanda vive só e bem (eu sinto no filme falta de coadjuvantes, família, mãe menos liberalidade, Amanda quando não dá certo com Bruno já vai transar com um colega de emprego, o Emilio de Mello e pronto. Eu sou do tempo que ao menos no cinema se uma heroína faz isso fica classificada de fácil e indigna de uma paixão).

Mas o que irrita mesmo é a indecisão e antipatia do herói, que mesmo descobrindo que tem um irmão pequeno (o pai deles está morrendo mas mesmo sim o cara não quer cuidar da garoto, que não podia ser mais simpático!). Para que Amanda corre atrás de um tipo desse? Leticia Colin que se tivesse nascido há alguns vinte anos atrás seria sem dúvida uma musa de Walter Hugo Khouri é uma atriz bem sucedida de musicais mas sem fôlego para uma protagonista. É monocórdica, e menos carismática que o papel exige. O problema de Caio Blat é mais do personagem, mas ele também não facilita nem um pouco.

Enfim, não consegui embarcar nesta história de amor que não decola.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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