RESENHA CRTICA OSCAR 2016: Carol (Idem)

Embora reconhea qualidades na narrativa do filme, me aborrece o roteiro, mas tem seu pblico

15/01/2016 22:20 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA OSCAR 2016: Carol (Idem)

tamanho da fonte | Diminuir Aumentar

Carol (Idem)

EUA, 15. 118 min. Direção de Todd Haynes. Roteiro de Phyllis Nagy baseado em livro de Patricia Highsmith. Com Cate Blanchett, Rooney Mara, Sarah Paulson, Kyle Chandler.

Esta é uma adaptação do livro chamado Price of Salt, que foi escrito com pseudônimo pela famosa escritora Patricia Highsmith, inspirado em fatos reais acontecidos com ela mesma. Mas ela não queria assumir sua opção sexual. Patricia (1921-65) é uma excelente autora de livros policiais, famosa por varias adaptações para o cinema como O Talentoso Mr. Ripley - que antes foi feito na França com Alain Delon, como O Sol Por testemunha, As Duas Faces de Janeiro (14), O Amigo Americano de Wim Wenders e Pacto Sinistro (51) de Hitchcock. Foi realizado pelo assumidamente gay Todd Haynes (que retoma outros que fez com a mesma temática, como Veneno/Poison, Velvet Goldmine e principalmente Longe do Paraíso, em que Juliane Moore descobria que o marido era gay). Este Carol segue uma linha semelhante, tudo feito em cores contidas, mas quentes de acordo com os anos 1950. E um detalhe interessante, o montador do filme é um brasileiro radicado nos EUA, Affonso Gonçalves (que entre outros filmes editou Inverno D´ Alma com Jennifer Lawrence, Indomável Sonhadora, o recente O Amor é Estranho, Amantes Eternos de Jarmush e as séries de TV Mildred Pierce e True Detective (2015).

Carol concorreu ao Festival de Cannes onde deram o prêmio de melhor atriz para Rooney Mara (quando o certo seria dividi-lo com Cate Blanchett, grande injustiça!).Carol tem sido muito prestigiada pela critica, indicado para 5 Globos de Ouro, 2 SAGS (Rooney como coadjuvante, embora esse critério tenha variado conforme os prêmios), 6 Independent Spirit, Críticos de Nova York (filme, diretor, roteiro e fotografia), Critic´s Choice (Cate, Rooney e filme). A primeira vista achei o filme muito feminino e por isso pedi a opinião de minha amiga Paty Pahl que o tinha visto em Cannes. Eis sua opinião com que concordo em quase tudo: ”Achei o filme no estilo clássico ”Old school”. Não só conta uma história nos anos 50, mas ele recria um filme dos anos 50. O ritmo, a música, os diálogos e os enquadramentos! De verdade, ele mergulha na década. Eu achei - na minha viagem - que a Cate Blanchet lembrava muito a Katherine Hepburn, no jeito, na voz mais grave, na atitude mais masculina... já a Rooney Mara me lembrou as atrizes mais frágeis e mocinhas. Por exemplo, toda vez que eu lembro dos filmes da Sandra Dee que eu assistia, eu lembro dela com uma cara meio de passarinho assustado. E a Rooney Mara está com o mesmo olhar!“ (outros críticos notaram uma semelhança real com Jean Simmons. Mas a verdade é que não gosto dela, ainda mais depois de ter sido a desastrosa indiazinha do recente Peter Pan. Também filmou aqui no Brasil com a mesma falta de emoção. Conclui Paty: “Acho legal que hoje em dia, na época de CGI, tenha este filme todo norteado para roteiro e atuação, que mergulha num estilo antigo. De verdade”.

Em compensação gosto de Cate, que sempre se transforma e faz uma caracterização de mulher rica, mimada, vaidosa e auto centrada, que parece aceitar ou provocar um romance com uma vendedora jovem de loja (aliás toda a Corte a ela é feita com muita delicadeza, embora o filme tenha depois umas poucas cenas de sexo, coisa rara de se ver no cinema americano de estúdio). Um pouco fria com filho e principalmente com o marido (o antigo astro de série Kyle Chandler).

É interessante saber que os produtores lutaram 11 anos para finalmente conseguir dar vida ao projeto. Esse fato, segundo Patrícia, foi inspirado com um encontro que ela teve com uma loira de casaco de pele numa loja de departamentos (como se dizia na época) em Nova York, o Natal de 1948. Por coincidência a autora pegou catapora no dia seguinte e escreveu o livro em 51. Mas também é inspirado num caso da autora com Virginia Kent Catherwood, uma mulher socialite mais velha da Filadélfia, que tinha sofrido o mesmo que descreve o filme (sem estragar o que a história revela só na parte final).

Embora reconheça qualidades na narrativa do filme, me aborrece o roteiro que não faz os personagens discutirem ou se explicarem ou se exporem com suas razões e problemas. As coisas acontecem e “desenacontecem” e pronto. Apesar disso, Carol tem seu público e sua torcida. Dá para entender o porquê.

Linha
tamanho da fonte | Diminuir Aumentar
Linha

Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

Linha

relacionados

Todas as mterias

Efetue seu login

O DVDMagazine mantm voc conectado aos seus amigos e atualizado sobre tudo o que acontece com eles. Compartilhe, comente e convide seus amigos!

E-mail
Senha
Esqueceu sua senha?

Não é cadastrado?

Bem vindo ao DVDMagazine. Ao se cadastrar voc pode compartilhar suas preferncias, comentar ou convidar seus amigos para te "assistir". Cadastre-se j!

Nome Completo
Sexo
Data de Nascimento
E-mail
Senha
Confirme sua Senha
Aceito os Termos de Cadastro