RESENHA CRTICA: O Abrao da Serpente (El Abrazo de la Serpiente)

Este filme finalista para o Oscar para produo estrangeira, primeiro concorrente da Colmbia

24/02/2016 14:40 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: O Abraço da Serpente (El Abrazo de la Serpiente)

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O Abraço da Serpente (El Abrazo de la Serpiente)

Colômbia, 15. 125 min. Preto e branco. Direção de Ciro Guerra. Com Nilbio Torres, Antonio Bolivar, Ian Bjvoet, Brionne Davis, Yauenku Migue, Nicolas Cancino, Luigi Sciamanna.

Este filme é finalista para o Oscar para produção estrangeira (ou em língua estrangeira como seria mais correto), primeiro concorrente da Colômbia, e como sempre a Academia escolhe filmes bizarros e diferentes, rejeitando outros que poderiam ser mais acessíveis. De qualquer forma mostra que não apenas de traficantes vive o país que parece estar se recuperando. Realizado em preto e branco (o que é infelizmente um obstáculo para seu sucesso), o filme foi baseado nos diários dos cientistas Theodor Koch Grunberg e Richard Evan Schultes. Na verdade para o fã de cinema tem algumas referências óbvias como os filmes de Klaus Kinski e Werner Herzog (Fitzcarraldo), mas parece e muito, talvez demasiado, com o Apocalypse Now (ainda mais com a colônia de índios drogados que embora inspirado em fatos reais, também lembra demais o reduto de Marlon Brando naquele filme). E sem esquecer também toques de filme de selva e Tarzan que o diretor não conseguiu evitar (luta de sombras refletidas, o nativo olhando para o nada e mostra-se então sem outra consequência uma Paca se banhando no rio). Também não é mais convincente, nas imagens de cobras (ainda mais quando são comidas por uma onça ou coisa que o valha) e é melhor não prestar muita atenção nos horríveis figurantes que fazem os nativos drogados pelo líder que se diz Cristo (uma pena eles serem tão convincentes porque a cena podia ser bem mais poderosa, ainda mais com um sujeito que parece falar com sotaque brasileiro).

O Amazonas da Colômbia é bem menos conhecido e menos espetacular do que o nosso, mas nem por isso deixa de impressionar. Acho que o grande trunfo do filme é a dignidade com que representam os dois nativos que interpretam o protagonista chamado de Karamakate, jovem e velho (ambos são atores natos e certamente são a razão do filme se sustentar, apesar do diálogo pouco e em dialeto). A história é contada em dois tempos, o pesquisador do começo do século, creditado como Theo, famoso pesquisador da vida dos índios e que esta naquele momento muito doente, ajudado por um outro nativo que pede socorro ao karamakate, que depois de certa relutância parte com eles em busca de uma planta miraculosa (um pouco também como o filme de Sean Connery, O Curandeiro da Selva, 93). Se torna assim um filme de estrada, ou de rio,enquanto passam por algumas aventuras . Mas paralelamente se avança no tempo com o índio agora velho e sempre sozinho, que parece ter perdido a memória e agora ajuda outro pesquisador alemão muito mais determinado em saber o que deseja. Embora não seja muito convincente a resolução entre os dois, o filme mantém uma certa fluência e exotismo.

Merece estar na lista dos cinco? Claro que não, mais isso já uma conclusão banal. Ninguém nem questiona a provável vitória de O Filho de Saul, mesmo com certos relapsos.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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