RESENHA CRTICA: White God (White God /Feher Isten)

Indicado oficialmente pela Hungria para o Oscar de filme estrangeiro do ano passado, no ficou nem entre os finalistas e fcil explicar porque

26/02/2016 22:28 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: White God (White God /Feher Isten)

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White God (White God /Feher Isten)

Hungria /Alemanha/Suécia, 14. 121 min. Direção de Kornel Mundruczo. Com Zsofia Psotta, Sandor Zsoter, Lili Horvath, Lili Monori, Gegerly Banki, Tamas Polgar.

Indicado oficialmente pela Hungria para o Oscar de filme estrangeiro do ano passado, não ficou nem entre os finalistas e é fácil explicar porque. Hoje em dia as pessoas são tão apaixonadas por cachorros que muitos não suportarão assistir este thriller meio alegórico, sobre uma matilha deles que atacam uma cidade provocando uma tragédia (o assunto hoje em dia é raro, lembro de um filme espanhol dos anos 70 em que cães dominavam uma cidade pequena, telefilme sobre o perigo dos Dobermans, mas em geral eles tem que ser fofos e carinhosos para darem bilheteria).

Nada porém tira o brilho da direção e realização deste filme de um diretor que desconhecia (também ator de 18 trabalhos e 16 trabalhos como diretor de curtas e longas). Por este filme ele ganhou o Prêmio do Um Certain Regard este ano e nada me parece mais merecido. Ganhou também premio da critica pelo trabalho anterior, Delta, 08 e chegou a apresentar dois outros filmes por lá. Não deve ter sido nada fácil comandar um exército de 274 cachorros (um recorde mundial), todos treinados e retirados de abrigos e o protagonista chamado Hagen é interpretado por dois cachorros chamados Luke e Body, que foram encontrados num parque no Arizona, quando o dono queria se livrar deles. Dizem os produtores que todos os cães ao final da filmagem conseguiram donos!

Mas é impressionante a sequência inicial em que a heroína uma bela menina de 13 anos chamada Lili (Zsofia) que é musicista mas está andando de bicicleta quando percebe que surgiu na mesma rua um grupo desenfreado de cachorros de diversos tamanhos e raças, correndo muito e ameaçadores. A câmera vai mostrando tudo enquanto ela é atropelada e cai... Começa então a contar a história e a crise que tem quando o pai mal humorado (também porque a mulher conseguiu emprego fora do país) liberta na rua seu cachorro Hagen. Inocentemente ela acha que o amor conquista tudo e vai atrás dele pensando em trazê-lo de volta enquanto o Estado criou novas leis sobre cachorros mestiços! Mas a esta altura ele já ficou feroz e parceiro dos outros animais sem dono. A cena final depois é igualmente tocante...

Imaginem a dificuldade que deve ter sido rodar este filme com imagens extraordinárias feitas nas ruas de Budapest e que deve ser lido também como uma discussão sobre os problemas sociais atuais da Europa, lutas violentas entre os cachorros, que os tentam transformar em máquinas de matar. Seria na verdade uma declaração de solidariedade para as pessoas marginalizadas e oprimidas. Que curiosamente a força das imagens faz o espectador embarcar nessa. Experimentem.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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