Filmes Desejados Desde o VHS... Parte 2/2

Conheça os 10 filmes mais desejados no mercado de home vídeo, inéditos no Brasil desde a era do VHS que foram lançados em DVD!

23/01/2017 21:00 Por Marcus Pacheco
Filmes Desejados Desde o VHS... Parte 2/2

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Outro filme monumental é Guerra e Paz, de Sergey Bondarchuk, com mais de 7 horas de duração. Baseado na obra de literatura clássica de Leo Tolstoy, este clássico do cinema atinge um nível de qualidade sem precedentes através das suas cenas de guerra, em que é inteiramente recriado um exército regular com mais de 120.000 soldados e 35.000 peças de guarda roupa, proporcionando-nos imagens de um realismo emocionante da Batalha de Borodino e do incêndio de Moscou de 1812, que quase destruíram a nação Russa. Guerra e Paz relata o eterno romance entre Natasha Rostova e o Príncipe Andrei Bolkonsky, cujas vidas espelham as convulsões sociais que o seu país vivia na época. Com uma fotografia espetacular e imagens surpreendentes, este filme rivaliza com Lawrence da Arábia e O Vento Levou, como espetáculo de primeira qualidade. Foi premiado com o Oscar para melhor filme de Língua Estrangeira em 1968.

O filme foi produzido pela Mosfilm entre 1961 e 1967 com um grande apoio das autoridades soviéticas. Com um custo de 8.291.712 rublos soviéticos – 9.213.013 dólares em valores de 1967, ou aproximadamente 87 milhões em valores atuais – Voyna i Mir foi o filme mais caro já produzido na União Soviética. Ao ser lançado, ele foi um enorme sucesso de público, atraindo mais de 135 milhões de espectadores. Voyna i Mir venceu o Grand Prix do Festival de Moscou, o Golden Globe Award de Melhor Filme Estrangeiro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

 

De uma forma quase irresponsável, eu diria que este é o pior da lista. Mas um dos mais desejados, em função das cópias picotadas que nós tivemos acesso, tirando total prazer na produção.

A Hora do Vampiro foi o segundo romance lançado pelo escritor norte-americano Stephen King. Originalmente publicado em 1975, foi inspirado em Drácula de Bram Stoker. Em 1979, pelas mãos de Tobe Hooper tornou-se série e mais tarde foi compactada em um filme: Os Vampiros de Salem (Salem's Lot). Daí a semelhança do vampiro com o filme dirigido pelo Murnau em 1922 e curiosamente mais semelhante ainda com o vampiro de Nosferatu, de Herzog, realizado no mesmo ano. 

Na trama, que se passa na cidade de Jerusalém's Lot, na Nova Inglaterra, dois forasteiros - o escritor Ben Mears e o senhor Barlow - chegam e fatos inexplicáveis passam a perturbar a rotina da cidade. Ben, e seus novos partidários, entre eles o garoto Mark Petrie e o Padre Callahan, devem então agir para salvar a cidade de garras vampirescas.

A produção tem uma maquiagem bizarra, já que os vampiros possuem olhos que brilham no escuro como o de felinos e pele deformada - o que dá uma sinistra e aparência de roedores -, e a cenografia da casa em que vive a criatura que é fantástica. A versão Nosferatu de King é monstruosa e bem feita, de pele cadavérica, além do que King respeita certos conceitos conhecidos na mitologia vampírica, como o fato de que as criaturas só invadem uma casa quando são convidadas a entrar, morrem quando recebem estacadas no coração e sofrem ao terem contato com símbolos religiosos como as cruzes.

O filme tem seus momentos bizarros e pobres, como a criança, a primeira vítima do vampiro malandro, que chega voando para atormentar a vizinhança e parece rir da situação - e involuntariamente causa risos no espectador. É o desaparecimento dessa criança, aliás, que impulsiona a trama policial, já que a polícia acredita que houve um sequestro. O espectador tem que se distrair com coisas mais superficiais, como a trama da secretária que trai o marido com o agente imobiliário da cidade ou a do relacionamento ordinário entre o escritor e seu interesse amoroso. O trabalho de Hooper envelheceu bastante. Mas isto não diminuiu o interesse na produção, que desde muito tempo escuto frases tipo: como será a minissérie completa? Será que é melhor que o filme?

A resposta? Sim... é melhor, mais completa e certamente mais interessante.

Primeiramente, assisti ao filme num longínquo Eurochannel. Não lembro mais se era na TVA ou DirectTv, ou mesmo na Sky. Foi uma maratona incrível. Porém, nunca mais se teve notícias desta grande obra de Rivette (na minha opinião, sua obra prima).

O filme é sobre o pintor, Edouard Frenhofer (Michel Piccoli), um artista sexagenário, vive uma aposentadoria voluntária. No estúdio há uma pintura inacabada na qual Marianne (Jane Birkin), sua esposa, foi o modelo, encostada na parede como uma censura da paixão que morreu entre eles. O casamento não foi rompido, mas é uma relação de compreensão e não de desejo. Um dia um fotógrafo leva Liz (Emmanuele Béart), sua namorada, para conhecer Edouard e Marianne. Algo acontece, pois o artista decide retomar o trabalhado terminando uma pintura que está parada há 10 anos.

A obra inacabada é Bela Intrigante, que foi inspirado em Catherine Lescault, uma cortesã do século XVII. Ele decide usar como modelo Liz, que acaba de conhecer, mas faz o convite através do namorado dela, que concorda sem consultá-la. Quando ela fica sabendo fica irritada, pois teve a sensação que venderam seu corpo. Além disto teria de posar nua, assim fala ao seu namorado que não irá. Entretanto no dia seguinte Liz vai até a casa do pintor e os dois começam a trabalhar. Tentando fazer um bela obra, ele coloca Liz em posições bastantes incômodas, um tratamento quase sádico em um processo criativo que parece interminável, fazendo Liz detestá-lo. Paralelamente o namorado da jovem passa a se sentir inseguro nesta situação e mesmo Marianne, que sabe que ele é um cavalheiro, não se sente totalmente à vontade nesta situação.

Grande parte do filme resume-se à tentativa de Frenhofer em fazer de Marianne a sua nova Belle Noiseuse (a bela intrigante).Se ele é sádico em seus objetivos, ela por sua vez eleva o trabalho ao sacrifício, esgotando o relacionamento em nome da arte.

A versão lançada é a integral, de 4 horas de duração. Inédita e imperdível.     

Nesta lista de 10 filmes, dois foram lançados pelo IMS. E os dois são documentários grandiosos, tanto em duração, como o que é mostrado nas telas. Duas grandes feridas são abertas por eles, sem muitas chances de serem fechadas. O primeiro, Shoah.

Lanzmann levou mais de dez anos entre sua preparação e o lançamento. A decisão de fazer este filme implicou uma mudança de vida, tendo como uma das consequências o abandono do jornalismo. Somente continuou na revista Temps Modernes, fundada por Sartre, e da qual se tornou diretor após a morte do filósofo.

Nos últimos 40 anos, dezenas de documentários procuraram mostrar os horrores do nazismo e, especialmente, do genocídio contra a raça judaica. Cineastas de diferentes nacionalidades, em diferentes ângulos e interpretações, utilizando material de várias procedências, mostraram em médias e longas metragens a irracional perseguição ao povo judeu, os campos de concentração numa denúncia sempre necessária de ser reavivada, especialmente porque o anti-semitismo ainda existe e forças neo-nazistas, em diferentes países, se (re)organizam e permanecem em constante ameaça.

Portanto um documentário como Shoah, que o jornalista e cineasta francês Claude Lanzmann levou dez anos para realizar é mais do que um simples programa cinematográfico. Pela sua extensão - 9h30 - e seriedade, se constitui numa espécie de curso intensivo sobre a questão judaica, o nazismo, a brutalidade, examinando vários aspectos de um assunto que longe de estar superado - como muitos apregoam - mais do que nunca merece ser revisto. 

Durante o regime nazista, cerca de dois terços dos 9 milhões de judeus que residiam na Europa foram mortos. Pereceram de fome ou doença devido às condições degradantes dos campos de concentração ou de extermínio, suicidaram-se para escapar da morte em vida que ali levavam, ou então, por fim, eram submetidos à Solução Final: o extermínio nas câmaras de gás. Daqueles que se propuseram a retratar este período, nenhum cineasta foi capaz de prover um registro tão completo quanto o francês Claude Lanzmann. 

Este documentário abre espaço não apenas para depoimentos de sobreviventes, mas também dos que apoiaram e colaboraram para o funcionamento da máquina nazista, para os moradores das cidades do entorno dos Campos, para os próprios carrascos e, especialmente, para os Sonderkommando, judeus obrigados a lidar com os corpos nas câmaras de gás — anteriormente retratados apenas como mais um grupo de sobreviventes, ignorando a carga de culpa e violência a que foram submetidos.

Em algumas sequências, sobreviventes são levados às ruínas dos campos onde estiveram (Auschwitz, Treblinks, Sobibor) e narram in loco as suas vivências. Depois de tantas entrevistas, Lanzmann procurou montar 350 horas de filmagens - reduzindo para nove horas e meia.

O que nos leva ao último da lista, TRISTEZA E PIEDADE

O documentário foi financiado por um canal de televisão francês, onde o filme seria exibido quando finalizado. Quando o filme ficou pronto a TV se recusou a exibi-lo, mas a obra acabou encontrando visibilidade no circuito cinematográfico de arte. No Brasil, a exemplo do documentário anterior, foi também lançado pelo Instituto Moreira Sales.

Marcel Ophuls (filho do grande Max Ophuls) analisa tanto o processo da memória quanto os próprios acontecimentos da guerra. Ele inclusive declarou: “A ideia de que um filme demonstra algo resulta de um mal-entendido. Não quis demonstrar algo, quis apenas mostrar. Um filme não demonstra, simplesmente mostra. O cinema é um instrumento excepcional para descrever e interpretar a realidade tal como nós a percebemos, através de fatos e de gestos precisos.”

O diretor, nascido na Alemanha e naturalizado francês, Marcel Ophuls (Frankfurt, 1927 - e ainda vivo até o fechamento desta matéria, em 12/12/2016) iniciou a carreira como assistente de diretores como Anatole Litvak e seu pai, Max Ophüls (Lola Montés, 1955). Antes de A Tristeza e a Piedade, Marcel Ophuls, realizou uma série de filmes para a TV alemã e uma série de longa-metragens de ficção e documentário dentre os quais "Hotel Terminus: The Life and Times of Klaus Barbie" (1988). Seus dois últimos filmes foram uma biografia de Max Ophuls, "Max par Marcel" (2009), e uma autobiografia, "Un voyageur" (2013).

O título do documentário vem de Marcel Verdier, membro da Resistência. Quando lhe perguntam sobre o heroísmo dos partisans, ele responde, simplesmente, que “os dois sentimentos mais frequentes da Resistência foram a tristeza e a piedade”. Ophuls remexe velhas feridas e mostra a falta de heroísmo de uma parcela muito grande de franceses, que se aliou aos ocupantes alemães.

 

Eis os 10 filmes mais raros e esperados no mercado de dvd. Mas vale citar filmes como Malcolm X por exemplo, recém lançado em DVD pela Versátil (em uma edição primorosa inclusive). O filme pode ser encontrado em Blu-ray facilmente no Mercado Livre; A Trilogia Apu, lançada pela Obras Primas do Cinema, que já havia sido lançada numa cópia horrorosa numa Paragon da vida; Outro caso interessante é Cães Raivosos, obra prima lançada pela Versátil, dirigida por Mario Bava, o filme se passa quase todo dentro de um carro, que é uma forma brilhante do diretor demonstrar total controle da produção, por trás dos descontrolados bandidos.O filme teve problemas sérios na época que foi lançado, pois o principal investidor morreu num acidente de carro, quebrando o produtor do filme. Com isto, esta obra prima de 1974 só foi lançada em 1998. O diretor faleceu em 1980 e nunca chegou a ver o resultado final do filme.

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Sobre o Colunista:

Marcus Pacheco

Marcus Pacheco

Marcus V. Pacheco é jornalista, formado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cinéfilo, Editor de site, Colecionador e Escritor. Marcus já realizou vários curtas metragens e um longa chamado "O último homem da terra (2001)", baseado no conto de Richard Matheson. Escreveu também 30 e-books sendo 29 sobre cinema e um de ficção que está em fase inicial para publicação. Criador e editor do site "Tudo sobre seu filme (http://www.tudosobreseufilme.com.br/)" onde publica críticas, listas, aulas de cinema e curiosidades do mundo da 7ª arte há 4 anos, além de realizar entrevistas com atores, diretores, críticos e colecionadores do mundo todo.

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