O Quadragésimo Primeiro

Na guerra civil russa, a guerrilheira Mariutka, exímia atiradora do Exército Vermelho, apaixona-se por um prisioneiro que ela escolta, tenente Vadim, do Exército Branco Czarista. Para continuar o romance, eles fogem para uma ilha deserta, enquanto o país endurece com a Revolução Russa

29/05/2017 13:19 Da Redação
O Quadragésimo Primeiro

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O Quadragésimo Primeiro (Sorok pervyy). URSS, 1956, 87 min. Drama/Guerra. Dirigido por Grigoriy Chukhray. Distribuição: CPC-Umes Filmes

Indicado à Palma de Ouro em 1957 e vencedor de um prêmio especial no Festival de Cannes, “O quadragésimo primeiro” é um dos grandes e belíssimos filmes soviéticos da História do Cinema, também conhecido no Brasil com o título de “A guerrilheira”. Produzida pela Mosfilm, mistura guerra e romance com lucidez e sobriedade, utilizando pano de fundo histórico, que recorta os antecedentes da Guerra Civil Russa, ocorrida entre 1916 e 1918, com conflito ideológico e armado entre o Movimento Branco dos Czaristas e o Exército Vermelho Bolchevique, no pós-Primeira Guerra Mundial. Para representar esse contraste, temos a personagem da guerrilheira Mariutka (Izolda Izvitskaya, que morreu de alcoolismo, pobre e abandonada, aos 38 anos em 1971), mulher de forte convicção, integrante do Exército Vermelho, e o tenente Vadim, do Movimento Branco, único sobrevivente de um grupo de 40 e poucos homens (por isso o título, em menção ao personagem, que é o 41º do destacamento). Mariutka, junto da tropa, é responsável pela morte do grupo de Vadim, e como ele sobrevive, recebe a missão de escoltá-lo pelo deserto de Karakum, onde estão perdidos. O único contato local é com os Cazaques, povo de origem medieval, que os auxilia a sair de lá em direção ao mar de Aral. Temerosos com o destino da guerra, os membros do Exército Vermelho, Mariutka e Vadim vagam ao Norte, açoitados pelo frio, passam fome no deserto, enfrentam tempestades e abrigam-se em precárias cabanas de pesca, enquanto uns morrem pelo caminho, situações dramáticas que compõem a estrutura de saga no filme. Em meio a isto tudo, a atiradora e o prisioneiro iniciam um relacionamento, forçados a fugir para uma ilha deserta para viver o romance proibido, na segunda parte da saga, que muda de drama de guerra para o romance, com desfecho dramático e de impacto.

A fotografia no deserto, feita pelo prestigiado Sergey Urusevskiy, no início do filme, é deslumbrante, com detalhes bem significativos, como o conflito armado, as dunas e um enfoque nos esquecidos cazaques, com seus camelos e vestuários incríveis.

“O quadragésimo primeiro”, realizado em 1956, é remake de uma fita de 1927, ambos baseados no livro de Boris Lavrenyev, e tem na direção o ucraniano Grigoriy Chukhray (1921-2001), em sua estreia no cinema soviético. Ele fez apenas sete longas-metragens, e mesmo com poucos na carreira, recebeu indicação a três Palmas de Ouro e ao Oscar de roteirista por “A balada do soldado” (1959).

A companhia russa Mosfilm restaurou a obra, oportunidade imperdível para assistirmos em DVD, recém-lançado no Brasil pela CPC-Umes Filmes, distribuidora do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo. Saiu em linda edição, com um projeto gráfico de tirar o chapéu e preço acessível. Além deste, a CPC-Umes lançou um catálogo de cinema soviético com mais de 20 filmes restaurados, com preciosidades como “Aleksandr Nevsky” (1938) e “Tratoristas” (1939), e muitos outros trabalhos dos anos 60, 70 e 80. Vale conhecer a lista completa e, de forma especial, “O quadragésimo primeiro”.

 

 

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Sobre o Colunista:

Felipe Brida

Felipe Brida

Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com

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